São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

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COMIDA

Crítica

Novo Le Buteque é a cozinha do chef Jacquin por um preço mais acessível

CRÍTICO DA FOLHA

Nos países de alta gastronomia, os restaurantes de prestígio não sobrevivem por si só: as casas estreladas são vitrines de seus chefs, que arrumam outras formas de ganhar a baguete de cada dia. E o melhor jeito é abrir ao lado um bistrozinho menor, para onde transferem seu nome, oferecem comida mais barata, vendem mais e ganham mais ainda.
Imagino que é o percurso que, ao abrir o pequeno bistrô Le Buteque, acaba de fazer o chef e sócio da La Brasserie Erick Jacquin, que leva seu nome (apesar de se chamar brasserie, seu restaurante não parece com muitos prosaicos estabelecimentos franceses que utilizam esse título, estando mais para restaurante de luxo). Sua nova casa tende a agradar todo mundo.
Ao chef, um francês de 44 anos, é uma chance de ter um movimento que lhe permita baratear preços e, ainda assim, ganhar o que merece. Ao público, é a chance de experimentar a cozinha de um grande chef sem pompa nem circunstância -e sem precisar assaltar um banco. O Le Buteque traz um apelo brasileiro no nome, mas não é bem assim. É um simpático e moderno misto de confeitaria francesa (no térreo) e bistrô (em cima) com cardápio bem enxuto e basicamente francês.
Tocada no dia-a-dia pelo chef Sebastian Cassi, formado em gastronomia na Argentina e com estágios e trabalhos pela Europa e na Brasserie do chef Jacquin, a cozinha oferece pratos bem acabados. É verdade que o vinho pode estar quente, e o cuscuz espantosamente gelado, mas... tem vinhos (pouquíssimos, mas decentes) e tem cuscuz (o paulista, bem úmido, quase cremoso). E, já que falamos de Brasil, tem também arroz com feijão preto (com grãos meio al dente... coisa de francês? Mais grossinho e cremoso não seria melhor?).
A salada de lentilhas, pequeninas e bem temperadinhas, com ovo frito (se fosse daqueles caipiras, de gema vermelha, mataria a pau); a lula na chapa, perfeita no ponto, com legumes saborosos; a fraldinha com cebola caramelizada e farofa (mais do que o peixe em papillote com chorizo espanhol) são bons motivos para ir ao Le Butuque. Os amantes da sobremesa mais ainda, dada a vasta oferta da pâtissière Amanda Lopes. (JOSIMAR MELO)

josimar@basilico.com.br


LE BUTEQUE

Avaliação:  
Endereço: r. Haddock Lobo, 1.416, Jardins, tel. 0/xx/11/ 3083-3737
Funcionamento: seg. a qui., das 10h à 0h; sex. e sáb., das 10h à 1h; dom., das 10h às 17h
Ambiente: moderninho e clean
Serviço: às vezes demorado, precisa ainda de ritmo
Vinhos: a oferta é minúscula, podia ser mais ousada
Cartões: Visa, Mastercard, Diners, American Express
Estacionamento: R$ 12
Preços: entradas, R$ 15 a R$ 61 (para dois); prato principal, R$ 22 a R$ 41; menu executivo, R$ 33; sobremesa, R$ 9 a R$ 12



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