São Paulo, quarta-feira, 05 de abril de 2006

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Do princípio ao fim, show não desaponta fãs

COLUNISTA DA FOLHA

O show do Morrissey no Austin Music Hall, dentro da programação do festival de música nova e de novas-músicas-de-gente-não-tão-nova South by Southwest, teve pelo menos três finalidades: sentir o quão vivo, intenso e fiel anda o culto ao ex-líder dos Smiths (1); arrepiar boa parte do público presente cantando canções do finado grupo e estimular o arremesso de flores ao palco na hora de "How Soon Is Now" (2); e mostrar a forma atual do músico: letras fortes entupidas de poesia pop, voz intacta para quem o ouve nos 80 e ouve agora, músicas novas emocionadas (3).
E Morrissey, com a bandeira da Itália na bateria, com a constante troca de camisas, com o balanço do fio do microfone e com os agradecimentos emocionados para um público tanto quanto passou nas três "provas".
Do momento em que entrou no palco para contar "First of the Gang to Die", seu último sucesso solo, até o final, com "Last Night I Dreamt that Somebody Loved Me", ele não desapontou quem espera que Morrissey seja... Morrissey.
Isso significa que o breve discursinho pré-música dele é quase tão esperado quanto a música que vem a seguir. "Hello Texas. Ouvi dizer que os EUA seguem bombardeando o Iraque e matando pessoas. Eles estão procurando por armas de destruição em massa", alfinetou, antes de cantar a linda "I Will See You in Far Off Places", que carrega a linha "...If the US doesn't bomb you".
Morrissey consegue. Seus shows trazem repúdio a governantes, perda de fé na humanidade, canções tristes e desoladoras. Mas, no fundo, são uma alegria só. (LR)


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