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Do princípio ao fim, show não desaponta fãs
COLUNISTA DA FOLHA
O show do Morrissey no
Austin Music Hall, dentro da
programação do festival de
música nova e de novas-músicas-de-gente-não-tão-nova South by Southwest, teve
pelo menos três finalidades:
sentir o quão vivo, intenso e
fiel anda o culto ao ex-líder
dos Smiths (1); arrepiar boa
parte do público presente
cantando canções do finado
grupo e estimular o arremesso de flores ao palco na
hora de "How Soon Is Now"
(2); e mostrar a forma atual
do músico: letras fortes entupidas de poesia pop, voz
intacta para quem o ouve
nos 80 e ouve agora, músicas
novas emocionadas (3).
E Morrissey, com a bandeira da Itália na bateria,
com a constante troca de camisas, com o balanço do fio
do microfone e com os agradecimentos emocionados
para um público tanto quanto passou nas três "provas".
Do momento em que entrou no palco para contar
"First of the Gang to Die",
seu último sucesso solo, até
o final, com "Last Night I
Dreamt that Somebody Loved Me", ele não desapontou
quem espera que Morrissey
seja... Morrissey.
Isso significa que o breve
discursinho pré-música dele
é quase tão esperado quanto
a música que vem a seguir.
"Hello Texas. Ouvi dizer que
os EUA seguem bombardeando o Iraque e matando
pessoas. Eles estão procurando por armas de destruição em massa", alfinetou,
antes de cantar a linda "I
Will See You in Far Off Places", que carrega a linha "...If
the US doesn't bomb you".
Morrissey consegue. Seus
shows trazem repúdio a governantes, perda de fé na humanidade, canções tristes e
desoladoras. Mas, no fundo,
são uma alegria só.
(LR)
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