São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2004

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Exposição e livro mostram a face "desenhista" da misteriosa Pagu

DA REPORTAGEM LOCAL

Com raras exceções a trajetória de Pagu sempre foi apresentada ao público rimando com cada uma das muitas variantes da palavra tabu. Patricia Galvão (1910-1962), a mulher por trás do apelido, é até hoje mais lembrada pelo seu envolvimento polêmico com o então marido de Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, e por suas peripécias no comunismo brasileiro do que por sua presença na cultura brasileira.
Esse quadro, que começou a ser mudado mais intensamente só nos anos 80, com a publicação de livro sobre ela por Augusto de Campos, agora tem duas importantes alterações.
O Museu da Imagem e do Som, o MIS, abre hoje ao público, em São Paulo, a exposição "Desenhos de Pagu", realizada pela pesquisadora Lúcia Maria Teixeira Furlani e produzida pelo filho de Pagu e Oswald, Rudá de Andrade.
A mostra, com desenhos inéditos, nasce acompanhada do livro "Croquis de Pagu - 1929/E Outros Momentos Felizes que Foram Devorados Reunidos", que Furlani organizou e as editoras Unisanta e Cortez põem na praça.
Autora de um romance singular na história da literatura brasileira, "Parque Industrial - Romance Proletário" (1933), tema de um recente livro de ensaios ("Pagu - Literatura e Revolução", de Thelma Guedes), jornalista, militante política, descobridora de Plínio Marcos, Pagu tem com o livro e a exposição mais uma de duas facetas à mostra.
Um caderno com 22 desenhos feitos em 1929 e 1930, nunca exibido, mostra que Patrícia Galvão sabia do riscado. São paisagens de São Paulo, Rio, da paulista Santos, onde ela viveu longamente, do Espírito Santo. São desenhos curiosamente "tarsilianos", alguns deles mais conhecidos, elaborados no chamado "Álbum de Pagu", de 1929 (onde há um retrato de Tarsila feito por ela).
É um momento especial na biografia de Pagu. "Esses desenhos surgem ao lado de acontecimentos promissores da existência de Patrícia, na gestação de muitos projetos: o início da vida com Oswald, de sua produção artística, literária, jornalística, de sua militância política e o nascimento de seu filho com Oswald, Rudá", afirma Lúcia Furlani.
Apresentado pelo crítico literário Geraldo Galvão Ferraz, outro filho da artista-escritora-etc., o livro (e também a exposição) traz também um painel foto-biográfico de Pagu, que evidencia "momentos felizes" da cantada beleza da moça, da caipira São João da Boa Vista (SP). (CEM)


DESENHOS DE PAGU. Exposição de inéditos de Patrícia Galvão. Quando: terça/sexta, das 14h às 22h; sábado e domingo, das 11h às 20h; até 30 de maio. Onde: Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo, tel. 0/xx/11/3062-9197). Quanto: grátis.

CROQUIS DE PAGU - 1929/E OUTROS MOMENTOS FELIZES QUE FORAM DEVORADOS REUNIDOS.
Organizadora: Lúcia M. Teixeira Furlani. Editoras: Cortez e Unisanta. Quanto: R$ 30 (128 págs.).

PAGU - LITERATURA E REVOLUÇÃO. Autora: Thelma Guedes. Editoras: Nankin e Ateliê. Quanto: R$ 20 (153 págs.).



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