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Exposição e livro mostram a face "desenhista" da misteriosa Pagu
DA REPORTAGEM LOCAL
Com raras exceções a trajetória
de Pagu sempre foi apresentada
ao público rimando com cada
uma das muitas variantes da palavra tabu. Patricia Galvão (1910-1962), a mulher por trás do apelido, é até hoje mais lembrada pelo
seu envolvimento polêmico com
o então marido de Tarsila do
Amaral, Oswald de Andrade, e
por suas peripécias no comunismo brasileiro do que por sua presença na cultura brasileira.
Esse quadro, que começou a ser
mudado mais intensamente só
nos anos 80, com a publicação de
livro sobre ela por Augusto de
Campos, agora tem duas importantes alterações.
O Museu da Imagem e do Som,
o MIS, abre hoje ao público, em
São Paulo, a exposição "Desenhos
de Pagu", realizada pela pesquisadora Lúcia Maria Teixeira Furlani
e produzida pelo filho de Pagu e
Oswald, Rudá de Andrade.
A mostra, com desenhos inéditos, nasce acompanhada do livro
"Croquis de Pagu - 1929/E Outros
Momentos Felizes que Foram Devorados Reunidos", que Furlani
organizou e as editoras Unisanta e
Cortez põem na praça.
Autora de um romance singular
na história da literatura brasileira,
"Parque Industrial - Romance
Proletário" (1933), tema de um recente livro de ensaios ("Pagu - Literatura e Revolução", de Thelma
Guedes), jornalista, militante política, descobridora de Plínio
Marcos, Pagu tem com o livro e a
exposição mais uma de duas facetas à mostra.
Um caderno com 22 desenhos
feitos em 1929 e 1930, nunca exibido, mostra que Patrícia Galvão sabia do riscado. São paisagens de
São Paulo, Rio, da paulista Santos,
onde ela viveu longamente, do Espírito Santo. São desenhos curiosamente "tarsilianos", alguns deles mais conhecidos, elaborados
no chamado "Álbum de Pagu", de
1929 (onde há um retrato de Tarsila feito por ela).
É um momento especial na biografia de Pagu. "Esses desenhos
surgem ao lado de acontecimentos promissores da existência de
Patrícia, na gestação de muitos
projetos: o início da vida com Oswald, de sua produção artística, literária, jornalística, de sua militância política e o nascimento de
seu filho com Oswald, Rudá",
afirma Lúcia Furlani.
Apresentado pelo crítico literário Geraldo Galvão Ferraz, outro
filho da artista-escritora-etc., o livro (e também a exposição) traz
também um painel foto-biográfico de Pagu, que evidencia "momentos felizes" da cantada beleza
da moça, da caipira São João da
Boa Vista (SP).
(CEM)
DESENHOS DE PAGU. Exposição de
inéditos de Patrícia Galvão. Quando:
terça/sexta, das 14h às 22h; sábado e
domingo, das 11h às 20h; até 30 de maio.
Onde: Museu da Imagem e do Som (av.
Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo,
tel. 0/xx/11/3062-9197). Quanto: grátis.
CROQUIS DE PAGU - 1929/E OUTROS
MOMENTOS FELIZES QUE FORAM
DEVORADOS REUNIDOS.
Organizadora: Lúcia M. Teixeira Furlani.
Editoras: Cortez e Unisanta. Quanto: R$
30 (128 págs.).
PAGU - LITERATURA E REVOLUÇÃO.
Autora: Thelma Guedes. Editoras: Nankin
e Ateliê. Quanto: R$ 20 (153 págs.).
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