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ANÁLISE
Animação vive surto tardio no Brasil
ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Apesar da força da cultura
audiovisual brasileira, e de
manifestações esporádicas no
passado, carecemos de uma produção consistente de animação.
Há, finalmente, indícios de um
surto, mais que bem-vindo, mesmo que tardio, de produção do
gênero no Brasil.
Charges animadas e sonorizadas -microcurtas de animação- constituem uma das atrações audiovisuais da internet. O
gênero se destaca no Cine PE
-Festival do Audiovisual de Recife. A MTV brasileira apresenta o
que talvez seja o primeiro investimento televisual em um seriado
de animação, o "Mega Liga".
Para não falar da repercussão
do Anima Mundi, festival de animação dirigido por Marcos Magalhães, ele mesmo autor do curta
"Meow", premiado em Cannes
nos anos 80.
Em contextos estrangeiros, a
animação desponta como forma
de expressar experiências às vezes
esgotadas na chave realista. No último Festival Internacional de
Documentários, um curta colombiano feito a partir de depoimentos e desenhos infantis se destacou pelo tratamento inovador de
situações trágicas.
Os exemplos citados aqui não
poderiam ser mais diferentes em
concepção, suporte, opção de veiculação, formato e conteúdo. As
notícias de Recife apontam para
repertórios inspirados na cultura
popular nordestina -do cordel a
oficinas em escolas públicas.
Em caminho talvez oposto, o seriado exibido pela MTV se inspira
no visual e em tramas convencionais de desenhos eletrônicos estrangeiros como as "Meninas Superpoderosas". É quase uma paródia condensada da programação do Cartoon Network.
"Mega Liga" dramatiza o time
de VJs da casa, uns no papel de super-heróis, outros no de vilões
-ambos envolvidos em intrincadas tramas mediadas por instrumentos eletrônicos que se parecem como os do Dexter.
Os Paladinos da MTV ainda não
ganharam a agilidade que merecem. Os curtas independentes carecem de visibilidade. Os cartoons animados na internet ainda
chamam pouca atenção.
Mas essa produção é importantíssima. Pelo pioneirismo. Pela
aventura em um gênero que tem
potencial a um só tempo comercial e expressivo. E que poderia
bem enriquecer nosso desgastado
repertório televisivo.
Esther Hamburger é antropóloga e
professora da ECA-USP
MEGA LIGA MTV DE VJS PALADINOS.
Quando: seg., às 23h, na MTV.
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