São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2008

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Livro detalha relações de Clark Gable com homens

Biografia lançada nos EUA narra casos do galã com poderosos de Hollywood

À Folha, autor de "Clark Gable - Tormented Star" diz que astro "era oportunista" e "transava com todo mundo que pudesse interessar"

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Clark Gable descrito como "jovem, vigoroso e brutalmente masculino" pelo "New York Times", quando em cartaz num teatro da cidade, ouviu um baita desaforo ao se separar da primeira mulher: "É bom você ser o melhor ator que puder, porque jamais será um homem".
Acontece que Dillon era uma lésbica 20 anos mais velha do que o astro que se tornou a imagem da virilidade em Hollywood, depois de "...E o Vento Levou" (1939). Era um casamento de fachada.
E Gable -o Rhett Butler que fez a cabeça de Scarlett O'Hara e de todas que acompanharam sua saga-, bem menos viril, teria subido a escada da fama pagando com o próprio corpo; ou seja, indo para a cama com poderosos de Hollywood para chegar aonde queria.
A história está em "Clark Gable - Tormented Star" (astro atormentado), do britânico David Bret, livro recém-lançado nos EUA e já criticado ferozmente pelo "New York Times". É mais uma das dezenas de biografias sobre o ator, mas a primeira a narrar detalhes de sua vida sexual -com homens.

"Gay for pay"
"Ele era másculo, mas gostava de ser o passivo em relações com outros homens", afirmou Bret em entrevista à Folha, por telefone, de Londres. "Era um oportunista, na verdade, o que chamo de "gay for pay". Transava com todo mundo que pudesse interessar para sua carreira."
Gable não foi o único astro de Hollywood a esconder relações homossexuais numa época em que ser gay era considerado doença. O mesmo fizeram Cary Grant e Gary Cooper, entre outros. Até Humphrey Bogart, astro de "Casablanca", pode ter estado entre entre os simpatizantes demais.
Mas Bret, autor que já biografou Joan Crawford, Rudolph Valentino e outros personagens de "sexualidade ambígua", ancora sua narrativa na promiscuidade do ator.
"O que me intriga e incomoda é o fato de ele manter relações com vários homens e, quando não precisava mais deles, dizia que eram gays", conta Bret, que, mais do que outros biógrafos, ressalta os pontos menos atraentes de Gable: o mau hálito, os dentes estragados, o jeito destrambelhado e a voz efeminada -sua primeira mulher o aconselhou que vivesse gritando para transformar o timbre delicado na rouquidão sedutora que o marcou.
Filho de um rude trabalhador em campos de petróleo, Gable foi alvo da ira do pai, que o chamou de "bicha" quando ele quis estudar música e teatro. Seu biógrafo, Bret, foi adotado por um minerador de carvão que também reprovava sua inclinação para as artes.

Biógrafo e biografado
"Ele teve uma infância muito parecida com a minha, era considerado estranho pelo resto da família", diz Bret, que afirmou ser gay, reconhecendo que isso sempre orientou sua pesquisa.
Mas, se a vida do autor pode ter enviesado o olhar sobre Gable, ele garante não faltar indícios que sustentem a imagem que pinta em seu livro. Ao contrário da versão oficial de que George Cukor, cotado para dirigir "...E o Vento Levou", teria cedido o posto a Victor Fleming a pedido do estúdio, Bret afirma que Gable pressionou para desbancar Cukor por medo que este revelasse um "affair" que teve com William Haines, então amante do diretor.
Gable, aliás, usou o prestígio de Haines, uma das maiores estrelas da época, para conseguir papéis de destaque, segundo o livro. Nos bastidores, teriam tido encontros sexuais freqüentes, inclusive num banheiro de hotel, o luxuoso Beverly Wilshire, em Los Angeles.
"As mulheres não precisavam ser bonitas para atraí-lo, bastava uma conta bancária saudável. Já os homens tinham de ser fortes e influentes", diz Bret. Pelas suas contas, aos 27, Gable já se relacionara com três homens, duas lésbicas e duas ninfomaníacas mais velhas.
Pauline Fredericks, que encarou inveja e más línguas ao se deixar ver com Gable, chegou a presenteá-lo com um carro e aparatos para prolongar ereções, enquanto Ria Langham, sua segunda mulher, pagava parte de seu salário.
Único consenso entre biógrafos é que Gable só foi feliz no amor uma única vez, e com uma mulher, a atriz Carole Lombard, que morreu num trágico acidente aéreo em 1942.


CLARK GABLE - TORMENTED STAR
Autor:
David Bret
Editora: Carroll & Graf
Quanto: US$ 26 (R$ 43, em média), mais taxas, na Amazon.com; 287 págs.


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