Cantora lança "Melhor Assim", em que busca mistura de estéticas musicais

Trabalho traz inédita de Adriana Calcanhotto e participações de Marisa Monte e Caetano Veloso, entre outros, nos vocais

MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL

É quase inacreditável, mas Teresa Cristina é fã do Iron Maiden. Cantora símbolo da revitalização da Lapa carioca, que ajudou a recolocar o samba no centro da nossa música pop na década passada, ela chegou a viajar do Rio a São Paulo só para ver os metaleiros ao vivo.
É essa a artista que agora, oito anos depois de estrear com CD duplo dedicado ao repertório de Paulinho da Viola, busca justamente se livrar do carimbo de "sambista" que permanece sobre sua pele. O recém-lançado pacote de CD e DVD "Melhor Assim" é a primeira tentativa de ampliar o espectro. Não que o trabalho renegue o samba -longe disso.
Mas agrega elementos de outros universos e autores não diretamente ligados ao gênero. "[O samba] foi uma bandeira que colocaram na minha mão, não tive muito a ver com isso. Se tivesse que carregar alguma, seria a do Vasco", diz a fã de Guns N'Roses, Faith No More e Red Hot Chili Peppers. "Neste disco, misturei coisas diferentes para evitar discussões de o que é e o que não é samba."
Mas, calma. Nenhum dos ídolos internacionais participa da mistura. Adriana Calcanhotto contribuiu com a inédita "Beijo Sem" (que tem vocais de Marisa Monte); Edu Lobo e Chico Buarque são trazidos em "A História de Lily Brown"; Caetano Veloso, em "A Voz de uma Pessoa Vitoriosa" e, também cantando, em "Festa Imodesta" -que, aliás, é um samba.
No mais, a lista é dominada por autores ligados ao samba. Arlindo Cruz, Candeia, Alvaiade, Claudio Jorge, Ney Lopes, Paulinho da Viola e, ao menos até perdurar a tinta na pele, a sambista Teresa Cristina.