DO ENVIADO A PARATI

Don DeLillo chegou sério a uma sala do hotel em que falaria com jornalistas e disse em tom grave: "Tenho algo muito importante para anunciar. A Síria foi invadida esta manhã".
Um dos principais escritores norte-americanos dos últimos 30 anos, o recluso DeLillo estava dando no domingo a primeira entrevista coletiva de sua vida, e achou que para tanto teria de trazer uma notícia bombástica.
O nova-iorquino, autor de 13 romances, estava bem-humorado. Contou que, andando por Parati, foi abordado por um senhor que falou: "Tenho uma próstata assimétrica, como a do seu personagem". O homem se referia a Eric Packer, protagonista de "Cosmópolis", livro mais recente de DeLillo, e do qual leu trechos na sua palestra no domingo.
Durante sua fala muitas pessoas tossiram. Ao final, uma senhora disse à Folha: "Achei que fosse um atentado, que tivessem soltado um gás na sala". Nada mais apropriado para o escritor das paranóias urbanas. Mas o tema foi outro; o escritor, que debateu com seu tradutor, Paulo Henriques Britto, falou sobre o futuro.
Disse que "antes de 11 de Setembro os americanos achavam que já controlavam o futuro. Descobriram que o presente é muito mais surpreendente". (CEM)

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