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DANÇA
Bailarinos interagem com utensílios do dia-a-dia
"Stake House" coreografa o homem que habita os cubículos das cidades
LUCIANA ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Pense na cidade de São Paulo,
em seus prédios e favelas. Imagine
as pessoas ali dentro. Enquanto
um come, outro assiste à TV. Ao
lado, alguém se senta. Visualize
esse fluxo contínuo de ações cotidianas no mesmo tempo e lugar.
Essa imagem, familiar e absurda,
é o ponto de partida de "Steak
House", coreografia do suíço Gilles Jobin em cartaz hoje e amanhã, no Sesc Santana.
O tema da habitação nos grandes centros urbanos e da relação
do homem com os objetos num
espaço restrito aparece de forma
concreta na peça. "Steak" (bife) é
a carne que somos e consumimos,
como explica Jobin, e "house"
(casa) é a morada dessa "carne".
Ter conhecido a capital paulista,
o Rio de Janeiro e algumas cidades africanas foi decisivo para Jobin realizar a peça. "São cidades
brutais, enormes e me mostraram
uma forma diferente de ver o
mundo. Sou de um país pequeno
[Suíça]. Morei em Londres, que é
grande, mas é plana, um mundo
mais arrumadinho", diz ele.
Em cena, os seis bailarinos, incluindo o próprio Jobin, movimentam-se num mesmo cômodo, mas seus atos são isolados.
Apesar de muito próximos, os
corpos raramente se encontram.
As pessoas interagem com móveis e utensílios. Entre paredes,
mesa, cadeiras, discos, fotografias
e gente compartilham o mesmo
lugar, o cenário colorido de Sylvie
Kleiber, sob a variação discreta da
luz de Fréderic Richard.
A aproximação com o real foi
um desafio para Jobin. "Meus outros espetáculos são mais abstratos", destaca. Se em "The Moebius Strip", apresentado em São
Paulo em 2001, os corpos pareciam riscos numa tela, em "Steak
House" eles são gente comum, o
que é evidenciado no figurino de
"normal" de Karine Vintache.
Steak House
Quando: hoje, às 21h; amanhã, às 19h
Onde: Sesc Santana (av. Luiz Dumont
Villares, 579, tel. 0/xx/11 6971-8700)
Quanto: de R$4 a R$10
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