São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

comentário

Ator sintetiza fetiches de cinéfilos

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Louis Garrel é o típico feio bonito. Ou, então, o bonitão que, se você olhar atentamente, vai perceber que está distante da beleza apolínea de um Reynaldo Gianecchini. Mas não há freqüentador do Espaço Unibanco que lhe seja indiferente. Isso porque, quando se fala em Louis, a palavra-chave é "fetiche".
Ele personifica ideais um tanto vagos associados a certo modo de ser europeu, fascinante para quem não é europeu. Louis é a representação atual mais clara e bem-acabada de clichês franceses.
Seu primeiro filme para um público mais amplo, "Os Sonhadores", já dava as coordenadas. O diretor, Bernardo Bertolucci, encontrava em Louis uma imagem heróica que exalava sexualidade, bem a calhar na sua representação mítica do símbolo pop que é o Maio de 68.
Em direção oposta, a da "desrromantização" do mesmo período de Philippe Garrel em "Amantes Constantes", Louis praticamente entrava em 68, e não apenas representava. Com o aval de dois diretores, Louis se tornava a síntese do Maio de 68 fantasioso. Belo, alto e sexualizado, Louis diferencia-se do "jovem de 68" celebrizado pelo franzino Jean-Pierre Léaud em "A Chinesa", de Godard.
Atuando para Philippe e Christophe Honoré, Louis encontrou cineastas com paixão pelo passado glorioso da nouvelle vague. Em "Canções de Amor" e "Em Paris", Louis está livre para flanar pelas ruas de Paris, leve e burlesco, como a reinterpretar a tradição libertina cara ao cinema de seu país, de Renoir a Truffaut e Rohmer.
Homem, mulher, homo ou hetero: se a paixão for pelo cinema, todos querem Louis Garrel.


Texto Anterior: Crítica: Philippe Garrel faz reencontro com o fantástico do cinema clássico francês
Próximo Texto: Crítica/"Appaloosa - Uma Cidade sem Lei": Mesmo hesitante, Harris renova faroeste
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.