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comentário
Ator sintetiza fetiches de cinéfilos
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Louis Garrel é o típico
feio bonito. Ou, então, o
bonitão que, se você olhar
atentamente, vai perceber
que está distante da beleza
apolínea de um Reynaldo
Gianecchini. Mas não há
freqüentador do Espaço
Unibanco que lhe seja indiferente. Isso porque,
quando se fala em Louis, a
palavra-chave é "fetiche".
Ele personifica ideais
um tanto vagos associados
a certo modo de ser europeu, fascinante para quem
não é europeu. Louis é a
representação atual mais
clara e bem-acabada de
clichês franceses.
Seu primeiro filme para
um público mais amplo,
"Os Sonhadores", já dava
as coordenadas. O diretor,
Bernardo Bertolucci, encontrava em Louis uma
imagem heróica que exalava sexualidade, bem a calhar na sua representação
mítica do símbolo pop que
é o Maio de 68.
Em direção oposta, a da
"desrromantização" do
mesmo período de Philippe Garrel em "Amantes
Constantes", Louis praticamente entrava em 68, e
não apenas representava.
Com o aval de dois diretores, Louis se tornava a síntese do Maio de 68 fantasioso. Belo, alto e sexualizado, Louis diferencia-se
do "jovem de 68" celebrizado pelo franzino Jean-Pierre Léaud em "A Chinesa", de Godard.
Atuando para Philippe e
Christophe Honoré, Louis
encontrou cineastas com
paixão pelo passado glorioso da nouvelle vague.
Em "Canções de Amor" e
"Em Paris", Louis está livre para flanar pelas ruas
de Paris, leve e burlesco,
como a reinterpretar a tradição libertina cara ao cinema de seu país, de Renoir a Truffaut e Rohmer.
Homem, mulher, homo
ou hetero: se a paixão for
pelo cinema, todos querem Louis Garrel.
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