São Paulo, domingo, 05 de dezembro de 2010

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Segurança financeira da TV afasta de vez alguns autores dos palcos

Luciana Whitaker/Folhapress
Da esq. para a dir., os dramaturgos Leandro Muniz,Rodrigo Nogueira, Larissa Câmara e Camilo Pellegrini, no Rio

DE SÃO PAULO

A trajetória de Maria Adelaide Amaral, 68, mostra que se pode cumprir o traslado entre teatro e televisão conservando as marcas autorais e, ao mesmo tempo, criando histórias de amplo alcance, comunicação imediata.
De uma primeira dramaturgia revestida de preocupações sociais, ela saltou para crônicas de desencontros amorosos e ensaios sobre a alma feminina. Na TV, depois de colaborações em novelas, firmou-se como autora de minisséries históricas elogiadas pela crítica e bem recebidas pelo público.
A exceção foi "Os Maias" (2001), adaptação da obra de Eça de Queirós, que teve audiência abaixo do esperado:
"Me irritei nesta época. Mas nada a ponto de pensar em voltar para o teatro, mesmo por que não há caminho de volta. Como viver de uma atividade que desde os anos 90 se limita a três ou quatro sessões por semana?", questiona ela, por e-mail.
Maria Adelaide diz que continuou a escrever teatro, mas cada vez menos, sobretudo depois de se tornar autora titular, em 1997. "Sobra pouco tempo para outras atividades", argumenta.
O caminho também parece não ter volta para Camilo Pellegrini, que emenda uma novela na outra há cinco anos. "O fator financeiro é determinante. Não consegui mais escrever para teatro. Tenho duas peças inacabadas há dois anos. Não tive mais o ímpeto, porque demora uns três meses", ele diz. "O teatro é uma delícia, mas ficou inviável para mim."
Sérgio Roveri reverbera a preocupação. "Com uma peça indicada a três prêmios Shell em cartaz por três meses, ganhei R$ 300. É duro falar isso, parece mercantilista. Quando você vê que a nova cena se faz de gente que escreve nas horas livres, é triste. Ainda assim, não dá para deixar de fazer a outra parte [teatro], aquela vocação inicial que fez com que o resto acontecesse."(LN)


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