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Woody Allen responde se Deus existe
do enviado especial ao Rio
No programa da peça "Deus", o
cineasta Woody Allen, o autor, diz
que aprendeu com Danny Simon
que "escrever não é fácil". Danny
é irmão de Neil Simon, o autor da
Broadway. Os três escreveram humor para televisão.
É uma escola americana, de nomes cultuados. É um humor rápido, de grandes tiradas, inteligente.
Mas é também pueril. "Deus", de
1975, traz um Woody Allen ainda
bem marcado pela televisão.
É uma comédia leve, muito engraçada, de confusão do raciocínio, mas que se deixa com sensação semelhante àquela dos filmes
"bergmanianos" de Allen -a de
que Bergman era melhor.
"Deus" tem ainda a vantagem
de uma boa adaptação. Assim, há
uma "hebréia do Flamengo", um
"paulista mal-humorado", piadas
com o teatro carioca ("ele é ator,
frequenta o Baixo Gávea").
"Deus" acompanha ensaios e
apresentação de uma tragédia grega em que o escravo Fidípides (ou
o ator Pelópidas, ou o ator Murilo
Benício) vai entregar a mensagem
dizendo se Deus existe.
A graça, além das piadas, vem da
confusão "metalinguística" envolvendo o próprio teatro (o "autor" grego busca um "filósofo" na
platéia para achar o final), a peça
(Woody Allen faz intervenção, em
"telefonema"), a peça-dentro-da-peça (Protágoras, ou Frank
Menezes, "inventa" o deus ex machina), os próprios atores ("Reparou quem é? É o Maurílio Benigno, o não-sei-quem da novela").
Finda a peça, o final, como diz
Pelópidas no início, é "nada, nada, não quer dizer nada".
Antes, revela que Murilo Benício
é bom comediante, com seus trejeitos de estátua grega e um tempo
de humor apurado.
Que Frank Menezes, que veio da
Cia. Baiana de Patifaria, segue magistral.
E que divertir-se por "nada" é
das boas coisas do teatro.
(NS)
Peça: Deus
Autor: Woody Allen
Direção: Mauro Mendonça Filho
Quando: quarta a domingo, às 19h30
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. 1º
de Março, 66, Rio, tel. 021/216-0237)
Quanto: R$ 10
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