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Comedian Harmonists voltam
ao sucesso 70 anos depois
SILVIA BITTENCOURT
especial para a Folha, em Berlim
Os Comedian Harmonists, grupo de variedades alemão aclamado internacionalmente na década
de 30, reconquistaram a Alemanha 70 anos depois.
Desde sua estréia no país, no início de janeiro, o filme "Comedian
Harmonists", de Joseph Vilsmaier, sobre a ascensão e o declínio meteóricos desse sexteto vocal, foi assistido por mais de 2 milhões de pessoas -número que o
coloca em segundo lugar de bilheteria, atrás apenas de "Titanic".
Os Comedian Harmonists surgiram em 1927, em Berlim, e, por
contar com três membros judeus,
desapareceram em 1935, quando
foram proibidos pelos nazistas.
Eles viveram seu auge em 1930,
quando se tornaram o grupo mais
popular da República de Weimar
-época marcada pela instabilidade política e econômica na Alemanha, mas também, como mostra o
filme, pela eferverscência cultural
nas metrópoles como Berlim.
Suas músicas -uma mistura de
jazz e canções populares, com títulos como "Verônica, a Primavera Chegou"- viraram hits nas
rádios alemãs e conquistaram fãs
em todo o mundo.
Em sete anos de existência, o
grupo lançou mais de 150 discos.
"A história dos Comedian Harmonists é uma história típica alemã", disse à Folha o cineasta Joseph Vilsmaier, 55, de Munique.
"Acho que o sucesso vem do fato
de o público andar aberto à nostalgia", acrescentou.
O filme apresenta com muito
humor a ascensão dos Comedian
Harmonists durante os anos dourados de Berlim, famosa na época
por seus cafés, cabarés e teatros.
Mas o fim do sexteto aparece
menos amargo do que foi. Vilsmaier mostra como causa da separação do grupo a política anti-semita de Hitler. Os Comedian Harmonists eram vaiados com slogans como "Fora, judeus".
Mas o cineasta deixa de fora o
que aconteceu depois da divisão
do grupo: os componentes arianos
Ari Leschnikov, Erwin Bootz e
Bob Biberti exigiram uma indenização dos parceiros judeus, Roman Cycowsky, Erich Collin e
Harry Frommermann.
"Fiz simplesmente a opção de
acabar o filme com a separação do
grupo", disse Vilsmaier.
Segundo o diretor, uma questão
pragmática pesou na decisão de
parar a história em 1935, quando o
grupo se dividiu, formando dois
sextetos: um de arianos, em Berlim, e outro de judeus, em Viena.
Mostrar a trajetória dos dois
grupos, segundo ele, exigiria 12,
em vez de seis atores principais.
Nos anos seguintes, os dois sextetos seguiram fazendo sucesso
em cima do que havia sido os Comedian Harmonists.
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