São Paulo, sexta, 6 de fevereiro de 1998

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Comedian Harmonists voltam ao sucesso 70 anos depois

SILVIA BITTENCOURT
especial para a Folha, em Berlim

Os Comedian Harmonists, grupo de variedades alemão aclamado internacionalmente na década de 30, reconquistaram a Alemanha 70 anos depois.
Desde sua estréia no país, no início de janeiro, o filme "Comedian Harmonists", de Joseph Vilsmaier, sobre a ascensão e o declínio meteóricos desse sexteto vocal, foi assistido por mais de 2 milhões de pessoas -número que o coloca em segundo lugar de bilheteria, atrás apenas de "Titanic".
Os Comedian Harmonists surgiram em 1927, em Berlim, e, por contar com três membros judeus, desapareceram em 1935, quando foram proibidos pelos nazistas.
Eles viveram seu auge em 1930, quando se tornaram o grupo mais popular da República de Weimar -época marcada pela instabilidade política e econômica na Alemanha, mas também, como mostra o filme, pela eferverscência cultural nas metrópoles como Berlim.
Suas músicas -uma mistura de jazz e canções populares, com títulos como "Verônica, a Primavera Chegou"- viraram hits nas rádios alemãs e conquistaram fãs em todo o mundo.
Em sete anos de existência, o grupo lançou mais de 150 discos.
"A história dos Comedian Harmonists é uma história típica alemã", disse à Folha o cineasta Joseph Vilsmaier, 55, de Munique. "Acho que o sucesso vem do fato de o público andar aberto à nostalgia", acrescentou.
O filme apresenta com muito humor a ascensão dos Comedian Harmonists durante os anos dourados de Berlim, famosa na época por seus cafés, cabarés e teatros.
Mas o fim do sexteto aparece menos amargo do que foi. Vilsmaier mostra como causa da separação do grupo a política anti-semita de Hitler. Os Comedian Harmonists eram vaiados com slogans como "Fora, judeus".
Mas o cineasta deixa de fora o que aconteceu depois da divisão do grupo: os componentes arianos Ari Leschnikov, Erwin Bootz e Bob Biberti exigiram uma indenização dos parceiros judeus, Roman Cycowsky, Erich Collin e Harry Frommermann.
"Fiz simplesmente a opção de acabar o filme com a separação do grupo", disse Vilsmaier.
Segundo o diretor, uma questão pragmática pesou na decisão de parar a história em 1935, quando o grupo se dividiu, formando dois sextetos: um de arianos, em Berlim, e outro de judeus, em Viena.
Mostrar a trajetória dos dois grupos, segundo ele, exigiria 12, em vez de seis atores principais.
Nos anos seguintes, os dois sextetos seguiram fazendo sucesso em cima do que havia sido os Comedian Harmonists.



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