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Novo estilo aproxima televisão da internet
Programas exploram improviso e quebram formalidade dos velhos humorísticos
Marcelo Adnet, da MTV, cria piadas a partir de sugestões enviadas por e-mail, como imitar José Wilker cantando o funk "Dança do Créu"
Bia Guedes/Folha Imagem
| O humorista Marcelo Adnet, do programa "15 Minutos' (MTV), em seu quarto, no Rio de Janeiro |
DA REPORTAGEM LOCAL
Imite o José Wilker cantando a "Dança do Créu", pediu um
espectador do "15 Minutos".
Solicitação atendida por Marcelo Adnet, 26, apresentador do
programa, que entrou no ar na
MTV há um mês e virou queridinho dos telespectadores do
canal. Ele também uniu dois
pedidos de internautas para
criar seu maior hit até agora:
um queria que imitasse Silvio
Santos, e o outro, que cantasse
"Sweet Child O" Mine". Sim, o
dono do baú mandou ver o clássico do Guns N" Roses...
Formado em jornalismo, Adnet passou à carreira artística
porque vivia fazendo graça e foi
chamado por um amigo a atuar
no espetáculo de humor "Z.É,
Zenas Emprovisadas", no qual
atores criam piadas na hora.
O show está há cinco anos em
cartaz no Rio e circula em vídeos da internet. "Esse tipo de
humor que ganha espaço na TV
tem a ver com a internet, porque traz um conteúdo inesperado", diz o ator carioca, que
grava em um estúdio que imita
o seu quarto, o que dá um ar de
produção caseira, comum na
internet.
Pastor protestante
Para Gentili, do "CQC", "a TV
estava precisando de um humor mais crítico, político". "A
gente aproveita que a pessoa
abre a boca para dar risada e
empurra algumas coisas lá para
dentro", diz ele, que é fundador
do show "Comédia ao Vivo", integra o Clube da Comédia
Stand-Up, ambos sucessos da
noite paulistana, e já passou pelo carioca "Comédia em Pé".
Gentili diz preferir o humor
da TV norte-americana ao da
brasileira.
"O católico, como a maioria
dos brasileiros, quando peca,
conta escondido ao padre. Nos
EUA, o protestante admite seus
erros diante da comunidade.
Está mais acostumado a falar
dos próprios defeitos. No Brasil, zoamos a loira, o português,
sempre o outro", analisa.
O humorista, de formação
católica, virou protestante na
adolescência, passou a pregar
em cultos e quase se tornou
pastor. "Fazia comédia stand-up até nos cultos."
"Veterano" em comparação a
colegas do "CQC", Evandro
Santo, 33, se tornou sucesso em
2007 ao estrear no "Pânico"
com o personagem Christian
Pior, que satiriza o mundo da
moda e, especialmente, a pobreza. Ele fala com conhecimento de causa: já chegou a pedir comida e roubar. A comédia
o salvou.
"Tenho uma formação vira-lata", brinca. Ele defende seu
programa de críticas. "A celebridade passa, a câmera liga e
não temos tempo para pensar
se vamos ser sutis ou agressivos", afirma Santo, que define
seu humor como "agridoce".
(LAURA MATTOS)
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