São Paulo, domingo, 06 de abril de 2008

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Novo estilo aproxima televisão da internet

Programas exploram improviso e quebram formalidade dos velhos humorísticos

Marcelo Adnet, da MTV, cria piadas a partir de sugestões enviadas por e-mail, como imitar José Wilker cantando o funk "Dança do Créu"

Bia Guedes/Folha Imagem
O humorista Marcelo Adnet, do programa "15 Minutos' (MTV), em seu quarto, no Rio de Janeiro


DA REPORTAGEM LOCAL

Imite o José Wilker cantando a "Dança do Créu", pediu um espectador do "15 Minutos". Solicitação atendida por Marcelo Adnet, 26, apresentador do programa, que entrou no ar na MTV há um mês e virou queridinho dos telespectadores do canal. Ele também uniu dois pedidos de internautas para criar seu maior hit até agora: um queria que imitasse Silvio Santos, e o outro, que cantasse "Sweet Child O" Mine". Sim, o dono do baú mandou ver o clássico do Guns N" Roses...
Formado em jornalismo, Adnet passou à carreira artística porque vivia fazendo graça e foi chamado por um amigo a atuar no espetáculo de humor "Z.É, Zenas Emprovisadas", no qual atores criam piadas na hora.
O show está há cinco anos em cartaz no Rio e circula em vídeos da internet. "Esse tipo de humor que ganha espaço na TV tem a ver com a internet, porque traz um conteúdo inesperado", diz o ator carioca, que grava em um estúdio que imita o seu quarto, o que dá um ar de produção caseira, comum na internet.

Pastor protestante
Para Gentili, do "CQC", "a TV estava precisando de um humor mais crítico, político". "A gente aproveita que a pessoa abre a boca para dar risada e empurra algumas coisas lá para dentro", diz ele, que é fundador do show "Comédia ao Vivo", integra o Clube da Comédia Stand-Up, ambos sucessos da noite paulistana, e já passou pelo carioca "Comédia em Pé".
Gentili diz preferir o humor da TV norte-americana ao da brasileira.
"O católico, como a maioria dos brasileiros, quando peca, conta escondido ao padre. Nos EUA, o protestante admite seus erros diante da comunidade. Está mais acostumado a falar dos próprios defeitos. No Brasil, zoamos a loira, o português, sempre o outro", analisa.
O humorista, de formação católica, virou protestante na adolescência, passou a pregar em cultos e quase se tornou pastor. "Fazia comédia stand-up até nos cultos."
"Veterano" em comparação a colegas do "CQC", Evandro Santo, 33, se tornou sucesso em 2007 ao estrear no "Pânico" com o personagem Christian Pior, que satiriza o mundo da moda e, especialmente, a pobreza. Ele fala com conhecimento de causa: já chegou a pedir comida e roubar. A comédia o salvou.
"Tenho uma formação vira-lata", brinca. Ele defende seu programa de críticas. "A celebridade passa, a câmera liga e não temos tempo para pensar se vamos ser sutis ou agressivos", afirma Santo, que define seu humor como "agridoce". (LAURA MATTOS)


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