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Europa domina grade do Festival de Londrina
De hoje a 23/6, evento paranaense recebe 42 espetáculos vindos de nove países
A companhia experimental Big Dance Theatre é uma das atrações inéditas; evento também inclui nova peça do Grupo Galpão
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O espectador de Londrina,
no norte paranaense, é ensinado a olhar o teatro e a dança
com abertura e criticidade raramente encontradas em outras platéias do Brasil. São 39
anos de formação, desde a primeira edição do encontro universitário de grupos, no emblemático 1968, até a consolidação
do Festival Internacional de
Londrina, em 1988.
A edição do Filo que começa
hoje e prossegue por 18 dias, até
23/6, é representativa dessa
exigência na recepção. São 42
peças com os mais variados formatos: o drama clássico, o teatro de bonecos, de objetos, de
sombras, de animação e de rua,
passando por dança contemporânea, intervenção aérea, circo,
mágica e música.
Quem abre o festival esta
noite, no Teatro Ouro Verde, é
a companhia colombiana de
dança contemporânea L'Explose. Em "La Mirada del Avestruz", nove personagens se desprendem de seus limites físicos
e simbólicos num espaço cênico coberto de terra. A montagem dirigida por Tino Fernández quer remeter à dimensão
da memória e à recuperação de
uma história coletiva. A proposta é fazer uma reflexão sobre a realidade do país e seus
entraves sociais e políticos.
Ao enfiar a cabeça no buraco,
o avestruz foge de seus temores. É a metáfora da criação de
Fernández para questionar formas de violência na atualidade
-eixo efetivamente explosivo
com o qual a L'Explose lida artisticamente desde sua fundação, em 1995.
A Colômbia é única representante da América do Sul, exceção óbvia do Brasil, o que
contrasta com edições anteriores em que o Filo deu mais ênfase à produção vizinha.
Entre os nove países da programação deste ano, prevalece
o recorte europeu (Espanha,
Suíça, França, Inglaterra, Bélgica e Rússia). A América do
Norte é representada por México e EUA.
Pequenos milagres
É justamente americana
uma das atrações inéditas em
solo brasileiro: a companhia
experimental Big Dance Theatre, nascida em Nova York em
1991. Assinada pela dupla Paul
Lazar e Annie-B Parson, a coreografia "The Other Here" (o
outro aqui) mescla dança, teatro e desenho visual com inspiração nas histórias clássicas do
escritor japonês Masuji Ibuse
(1898-1993).
Outro destaque é o grupo
russo Derevo (árvore), fundado
em 1988 pelo ex-integrante de
banda de rock Anton Adassinski. Já conhecido de apresentações na própria Londrina e em
São Paulo (por onde passa antes do Filo, de 14 a 17/6, no teatro Sérgio Cardoso), desta vez o
coletivo traz "Ketzal" (mítica
entidade voadora presente na
tradição indígena mexicana),
com a promessa de repetir impacto na expressão corporal.
A nova montagem do Grupo
Galpão, "Pequenos Milagres",
também participa do Filo. E
com a deferência de duas "pratas da casa" na criação, o diretor Paulo de Moraes (que fundou na cidade a Armazém
Companhia de Teatro, em
1987, hoje radicada no Rio) e o
poeta e dramaturgo Maurício
Arruda Mendonça.
Ao todo, foram selecionados
espetáculos de sete Estados. O
diretor do festival, Luiz Bertipaglia, estima que as 102 atrações da grade, entre palco e rua,
devam atrair cerca de 100 mil
espectadores. O orçamento é
estimado em R$ 1,8 milhão.
FESTIVAL INTERNACIONAL DE
LONDRINA
Quando: de hoje a 23/6
Quanto: R$ 10. Ingressos à venda no
Royal Plaza Shopping (r. Mato Grosso,
310, tel. 0/xx/43/3322-7437)
Mais informações: pelo site www.filo.art.br
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