São Paulo, sexta-feira, 06 de julho de 2001

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SHOW

Grupo de NY chama a atenção da mídia e tem um brasileiro na formação

"Fenômeno Strokes" varre Londres da música à moda

THIAGO NEY
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LONDRES

Sob o título "Quase Famosos", a reportagem de capa da Ilustrada publicada em 20 de abril falava sobre uma nova banda de Nova York chamada The Strokes.
Na época, com apenas um single, o grupo começava a chamar a atenção da imprensa especializada e de celebridades ligadas à música. Pois bem, agora, menos de três meses depois, com outro single editado, músicas disputadas na internet e o álbum de estréia, a ser lançado apenas em setembro, o "fenômeno" já toma proporções absurdas.
Quinta-feira da semana passada, os cinco garotos dos Strokes fecharam a turnê da banda pelo Reino Unido com um show esgotado há meses no clube Heaven, em Londres.
No meio do público (1.200 pessoas), estavam personalidades tão díspares quanto Chrissie Hynde (Pretenders), os irmãos Gallagher, Neil Tennant (Pet Shop Boys), a estilista Vivienne Westwood e a supermodelo inglesa Kate Moss. Antes, a banda já tinha entre seus fãs declarados caras do Radiohead, Blur, Travis e gente como Michael Stipe, Morrissey, Courtney Love.
Para anunciar o show, o jornal "The Guardian" publicou reportagem de duas páginas contando a história da banda. "Eles têm estilo, visual, atitude e a música é excelente. Simplesmente muito, muito cool." O "Evening Standard" definiu os Strokes como "mais Nova York que táxi amarelo, cachorro-quente e a Estátua da Liberdade juntos. E soam mais final dos anos 70 do que uma noite no CBGB com Ramones no palco e Debbie Harry no bar. Pegue esses garotos antes que eles se tornem absurdamente enormes e comecem a tocar em estádios".
Sete páginas na revista "The Face" de julho e recomendação da revista-guia londrina "Time Out" aumentavam a expectativa para o show. "É o tipo de evento que você vai querer contar para seus filhos. Venda sua alma a um cambista para assistir a esse show", estava na "Time Out".
Não foi preciso vender a alma. Bastavam "apenas" as 140 libras (não muito longe de R$ 500) pedidas pelos cambistas. O preço oficial era 8,5 libras (cerca de R$ 28).
E, após aquele que está sendo considerado o mais concorrido show do verão inglês (Madonna, quem?), é fácil entender toda a obsessão por uma banda que nem álbum lançado tem. Porque os Strokes, grupo de garotos bonitos, riquinhos, que têm entre 19 e 22 anos, fizeram história naquela quinta-feira londrina.
Julian Casablancas (vocal), Albert Hammond Jr., Nick Valensi (guitarras), Nikolai Fraiture (baixo) e o brasileiro (!!) Fabrizio Moretti (bateria, ele não tocou em Londres por causa da mão fraturada) se apropriaram e filtraram 35 anos de rock (Velvet Underground, Ramones, Stooges, Doors, Television) de uma forma tão direta e moderna que não deixa muita opção: se você não amá-los, é porque não gosta de rock.
E o "fenômeno Strokes" ultrapassou o nicho musical. A banda serviu de trilha sonora de desfile recente de Giorgio Armani, em Milão. A estilista inglesa Luella Bartley disse em entrevistas que jaqueta preta, paletó de segunda mão e gravata rosa, típicas roupas de brechós do SoHo nova-iorquino, o "uniforme" natural dos Strokes, são o que existe de mais "cool" no momento.
O impacto dessa banda é claramente demonstrado nas letras escritas por Casablancas, filho do famoso John. "People, they don't understand", "I don't see it that way". Que adolescente não se identifica com tais versos?
Após 45 minutos, o show acaba. Sem bis. Sem discursos intermináveis de juras de amor ao público. Os Strokes não sabem fazer isso. Eles têm o publico nas mãos. Parece que eles têm tudo à mão. O que mais impressiona é lembrar que nem álbum lançado eles têm.



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