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SHOW
Grupo de NY chama a atenção da mídia e tem um brasileiro na formação
"Fenômeno Strokes" varre Londres da música à moda
THIAGO NEY
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LONDRES
Sob o título "Quase Famosos", a
reportagem de capa da Ilustrada
publicada em 20 de abril falava
sobre uma nova banda de Nova
York chamada The Strokes.
Na época, com apenas um single, o grupo começava a chamar a
atenção da imprensa especializada e de celebridades ligadas à música. Pois bem, agora, menos de
três meses depois, com outro single editado, músicas disputadas
na internet e o álbum de estréia, a
ser lançado apenas em setembro,
o "fenômeno" já toma proporções absurdas.
Quinta-feira da semana passada, os cinco garotos dos Strokes
fecharam a turnê da banda pelo
Reino Unido com um show esgotado há meses no clube Heaven,
em Londres.
No meio do público (1.200 pessoas), estavam personalidades tão
díspares quanto Chrissie Hynde
(Pretenders), os irmãos Gallagher, Neil Tennant (Pet Shop
Boys), a estilista Vivienne Westwood e a supermodelo inglesa
Kate Moss. Antes, a banda já tinha
entre seus fãs declarados caras do
Radiohead, Blur, Travis e gente
como Michael Stipe, Morrissey,
Courtney Love.
Para anunciar o show, o jornal
"The Guardian" publicou reportagem de duas páginas contando
a história da banda. "Eles têm estilo, visual, atitude e a música é excelente. Simplesmente muito,
muito cool." O "Evening Standard" definiu os Strokes como
"mais Nova York que táxi amarelo, cachorro-quente e a Estátua da
Liberdade juntos. E soam mais final dos anos 70 do que uma noite
no CBGB com Ramones no palco
e Debbie Harry no bar. Pegue esses garotos antes que eles se tornem absurdamente enormes e comecem a tocar em estádios".
Sete páginas na revista "The Face" de julho e recomendação da
revista-guia londrina "Time Out"
aumentavam a expectativa para o
show. "É o tipo de evento que você vai querer contar para seus filhos. Venda sua alma a um cambista para assistir a esse show", estava na "Time Out".
Não foi preciso vender a alma.
Bastavam "apenas" as 140 libras
(não muito longe de R$ 500) pedidas pelos cambistas. O preço oficial era 8,5 libras (cerca de R$ 28).
E, após aquele que está sendo
considerado o mais concorrido
show do verão inglês (Madonna,
quem?), é fácil entender toda a
obsessão por uma banda que nem
álbum lançado tem. Porque os
Strokes, grupo de garotos bonitos, riquinhos, que têm entre 19 e
22 anos, fizeram história naquela
quinta-feira londrina.
Julian Casablancas (vocal), Albert Hammond Jr., Nick Valensi
(guitarras), Nikolai Fraiture (baixo) e o brasileiro (!!) Fabrizio Moretti (bateria, ele não tocou em
Londres por causa da mão fraturada) se apropriaram e filtraram
35 anos de rock (Velvet Underground, Ramones, Stooges,
Doors, Television) de uma forma
tão direta e moderna que não deixa muita opção: se você não amá-los, é porque não gosta de rock.
E o "fenômeno Strokes" ultrapassou o nicho musical. A banda
serviu de trilha sonora de desfile
recente de Giorgio Armani, em
Milão. A estilista inglesa Luella
Bartley disse em entrevistas que
jaqueta preta, paletó de segunda
mão e gravata rosa, típicas roupas
de brechós do SoHo nova-iorquino, o "uniforme" natural dos
Strokes, são o que existe de mais
"cool" no momento.
O impacto dessa banda é claramente demonstrado nas letras escritas por Casablancas, filho do
famoso John. "People, they don't
understand", "I don't see it that
way". Que adolescente não se
identifica com tais versos?
Após 45 minutos, o show acaba.
Sem bis. Sem discursos intermináveis de juras de amor ao público. Os Strokes não sabem fazer isso. Eles têm o publico nas mãos.
Parece que eles têm tudo à mão. O
que mais impressiona é lembrar
que nem álbum lançado eles têm.
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