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ARTES PLÁSTICAS/CRÍTICA
Acervo do Museu Stedelijk dialoga com os brasileiros
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
"Encontros com o Modernismo" é mostra rara. Traz
à cidade seleção relevante do acervo do Museu Stedelijk de Amsterdã. Somam-se obras de artistas
brasileiros da Pinacoteca do Estado, que hospeda a exposição, e de
coleções particulares daqui.
O Stedelijk foi fundado em 1895
como instituição municipal. Nos
anos 30, iniciou uma política de
aquisições de arte vanguardista e
de reformulação do museu, tendo
como parâmetro o novo foco na
arte moderna iniciado pelo Museu de Arte Moderna (MoMA) de
Nova York.
No pós-guerra, contribuiu com
o desenvolvimento da arte informal do grupo Cobra. Nos anos 70,
acompanhou o pop e o conceitualismo e, nos 80, o pós-moderno.
Resultou em coleção de qualidade
internacional.
O público terá acesso a uma representação hegemônica sobre o
progresso dos estilos do século 20
que trazem à contemporaneidade. A curadoria divide-se em sete
núcleos: abstração, Europa após
1945, expressionismo, expressionismo abstrato, invenções conceituais, pintura e escultura pós-modernas, vídeo e fotografia. Predomina a pintura.
A visita abre-se com a "Natureza-Morta com Violão" (1924), de
Picasso, reafirmando a autoridade do mestre dos planos sobre a
tradição moderna. Com ele, dividem a entrada a construção pós-cubista do "Trem de Hospital"
(1915), de Gino Severini, e o surrealismo arredondado da "Ascensão Definitiva de Cristo" (1932),
de Flávio de Carvalho.
O tema da abstração agrupa diversas gerações. Compartilham a
mesma sala o "Tableau nš 3"
(1913), de Mondrian, os "Dois Entornos" (1934), de Kandinsky, as
toras de madeira do "Estator de
Cedro" (2002), de Carl Andre, e a
tela "Les Indes Galantes" (1967),
de Frank Stella.
Expressionismo
A vertente expressionista da coleção é evidenciada. O cromatismo contrastante e "fauve" aparece no clássico "Paisagem em
Dangst" (1910), de Schmidt-Rottluff. O pós-guerra desdobra-se
sucessivamente no "Michel Tapié
de Celeyran" (1956), de Karel Appel, n'"A Porta" (1978), de Philip
Guston, no "Golgotha" (1980), de
Julian Schnabel.
Contudo os confrontos com nacionais são irregulares. É inexplicada a classificação do "Relevo
Espacial", de Hélio Oiticica, como
expressionismo abstrato, dividindo parede com quadro de Rothko, de 1962.
Mas, por outro lado, é criativa a
aproximação entre os metais geométricos de Willys de Castro e de
Donald Judd, ambos de fins dos
anos 80.
A contemporaneidade aparece
pouco, porém traz obras como a
poética videoinstalação "Passarela Mais Suave em Espaços em Colapso" (1999), de Aernout Mik.
A Pinacoteca realiza, assim, vocação semelhante à do museu holandês, ambos da mesma época:
criar as grandes narrativas históricas em instituições oficiais, preservando a investigação experimental.
Encontros com o Modernismo
O quê: mostra com 75 obras do Museu
Stedelijk, de Amsterdã, e 20 trabalhos do
acervo da Pinacoteca
Curadoria: Ivo Mesquita e Maarten
Bertheux
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. Gen.
Osório, 66, São Paulo, tel. 0/xx/11/222-8968)
Quando: de terça a domingo, das 10h às
18h; até 3/10
Quanto: R$ 2 e R$ 4 (entrada grátis aos
sábados)
Patrocinador: banco Real - ABN Amro
Bank
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