São Paulo, segunda-feira, 06 de julho de 2009

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crítica

"Rudo e Cursi" sai da mostra direto em DVD

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

O descolamento cultural do Brasil em relação aos vizinhos -que se verifica na comparação do mercado brasileiro de cinema com os do México e da Argentina, que também possuem produção audiovisual expressiva- pode ser ilustrado pelo que ocorreu a "Rude e Brega", a ser exibido a partir de amanhã no 4º Festival de Cinema Latino-Americano.
Lançado no México em dezembro e na Argentina em janeiro, com boa resposta de público, o primeiro longa de Carlos Cuarón teve sua estreia nos cinemas brasileiros (prevista inicialmente para 20 de março) cancelada pela distribuidora Universal, também coprodutora, que preferiu lançá-lo diretamente em DVD com o título "Rudo e Cursi" (só para locação; classificação indicativa não informada).
A situação é ainda mais digna de nota porque envolve o primeiro filme da Cha Cha Cha, produtora que reúne os cineastas mexicanos de maior trânsito no mercado internacional: Alejandro González Iñárritu ("Amores Brutos", "Babel"), Alfonso Cuarón ("E Sua Mãe Também", "Filhos da Esperança") e Guillermo del Toro ("O Labirinto do Fauno").
Além disso, fala de um tema popular também por aqui, o futebol, e tem no elenco dois atores conhecidos do público brasileiro, Diego Luna ("E Sua Mãe Também", "Milk - A Voz da Igualdade") e Gael García Bernal ("Diários de Motocicleta", "Ensaio sobre a Cegueira").
Os dois interpretam irmãos em família de trabalhadores rurais e jogadores de um time amador de sua região -Beto (Luna) no gol e Tato (García Bernal), no ataque. Um caçador de talentos (o argentino Guillermo Francella) os descobre nesse fim de mundo, mas só pode levar um deles para tentar a sorte em clube da capital.
Cabe aos próprios irmãos encontrar uma solução para a disputa, mas a "escolha de Sofia" não impede que ambos se aventurem pelos bastidores do futebol mexicano -não propriamente o que conhecemos pela participação dos clubes do país na Copa Libertadores da América, mas um universo alternativo de times fictícios.
Irmão mais novo de Alfonso e roteirista de "E Sua Mãe Também", Carlos Cuarón investe no humor e na despretensão, olhando com ironia para um ambiente povoado por jogadores desmiolados, "marias chuteiras" (as mulheres que correm atrás deles), agentes pilantras e torcedores neonazistas, e pautado por apostas e subornos.
Para torcedores, saboroso e inconsequente como um jogo de várzea.

Avaliação: bom

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