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crítica
"Rudo e Cursi" sai da mostra direto em DVD
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
O descolamento cultural
do Brasil em relação aos vizinhos -que se verifica na
comparação do mercado
brasileiro de cinema com os
do México e da Argentina,
que também possuem produção audiovisual expressiva- pode ser ilustrado pelo
que ocorreu a "Rude e Brega", a ser exibido a partir de
amanhã no 4º Festival de Cinema Latino-Americano.
Lançado no México em dezembro e na Argentina em
janeiro, com boa resposta de
público, o primeiro longa de
Carlos Cuarón teve sua estreia nos cinemas brasileiros
(prevista inicialmente para
20 de março) cancelada pela
distribuidora Universal,
também coprodutora, que
preferiu lançá-lo diretamente em DVD com o título "Rudo e Cursi" (só para locação;
classificação indicativa não
informada).
A situação é ainda mais
digna de nota porque envolve o primeiro filme da Cha
Cha Cha, produtora que reúne os cineastas mexicanos de
maior trânsito no mercado
internacional: Alejandro
González Iñárritu ("Amores
Brutos", "Babel"), Alfonso
Cuarón ("E Sua Mãe Também", "Filhos da Esperança") e Guillermo del Toro ("O
Labirinto do Fauno").
Além disso, fala de um tema popular também por
aqui, o futebol, e tem no elenco dois atores conhecidos do
público brasileiro, Diego Luna ("E Sua Mãe Também",
"Milk - A Voz da Igualdade")
e Gael García Bernal ("Diários de Motocicleta", "Ensaio
sobre a Cegueira").
Os dois interpretam irmãos em família de trabalhadores rurais e jogadores de
um time amador de sua região -Beto (Luna) no gol e
Tato (García Bernal), no ataque. Um caçador de talentos
(o argentino Guillermo
Francella) os descobre nesse
fim de mundo, mas só pode
levar um deles para tentar a
sorte em clube da capital.
Cabe aos próprios irmãos
encontrar uma solução para
a disputa, mas a "escolha de
Sofia" não impede que ambos se aventurem pelos bastidores do futebol mexicano
-não propriamente o que
conhecemos pela participação dos clubes do país na Copa Libertadores da América,
mas um universo alternativo
de times fictícios.
Irmão mais novo de Alfonso e roteirista de "E Sua Mãe
Também", Carlos Cuarón investe no humor e na despretensão, olhando com ironia
para um ambiente povoado
por jogadores desmiolados,
"marias chuteiras" (as mulheres que correm atrás deles), agentes pilantras e torcedores neonazistas, e pautado por apostas e subornos.
Para torcedores, saboroso
e inconsequente como um
jogo de várzea.
Avaliação: bom
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