São Paulo, quarta-feira, 06 de julho de 2011

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MinC anuncia em Paraty R$ 3,2 milhões para tradução

Investimento para publicar cerca de 250 títulos no exterior até Frankfurt de 2013 é o dobro do que Argentina gastou em 291 livros

PAULO WERNECK
EDITOR DA ILUSTRÍSSIMA

Entre os preparativos para a Feira de Frankfurt de 2013, que terá o Brasil como homenageado, governo e mercado editorial aproveitam a Flip para, mais uma vez, tentar executar um programa de incentivo à publicação de livros brasileiros no exterior.
O presidente da Biblioteca Nacional (BN), Galeno Amorim, deve anunciar hoje, em Paraty, verba de R$ 12 milhões para bancar traduções e reedições de obras brasileiras até 2020. A BN promete dobrar em 2011 os R$ 500 mil destinados às 68 bolsas de tradução de 2010.
De 2001 a 2010, a BN concedeu 160 bolsas, no total de R$ 1,3 milhão. Os valores anuais devem subir até atingir R$ 1,4 milhão em 2020.
A meta é chegar a 2013 com cerca de 250 obras publicadas, a um custo de R$ 3,2 milhões, segundo informou Amorim à Folha. O valor é mais do que o dobro daquilo gasto pela Argentina para incentivar a publicação de 291 títulos no exterior.
O apoio à tradução garante a publicação de literatura de qualidade escrita em línguas periféricas, como o turco, o holandês ou o húngaro. Idiomas que vêm perdendo projeção, como o italiano, o francês e o alemão, também contam com incentivos para conter o predomínio do inglês.
Boa parte dos livros de autores não anglófonos da Flip 2011 contou com apoio de seus países, caso do húngaro Péter Esterházy, do português valter hugo mãe e da colombiana Laura Restrepo.

BEST-SELLERS
Até agora, os brasileiros que emplacaram livros no exterior são best-sellers ou tiveram o empurrão de editores, professores e tradutores.
Milton Hatoum e Marcelo Ferroni, da Companhia das Letras, e Edney Silvestre e Alberto Mussa, da Record, conseguiram, com a força de suas editoras, emplacar seus livros mais recentes lá fora.
O best-seller "Estação Carandiru" (Cia. das Letras), de Drauzio Varella, acaba de ser vendido para os EUA.
O mesmo não ocorre com traduções mais caras, como os catataus "O Paraíso É Bem Bacana" (Cia. das Letras), de André Sant'Anna, e "Pornopopéia" (Objetiva), de Reinaldo Moraes.
Segundo a pesquisa Conexões, que o Itaú Cultural acaba de divulgar, as bolsas de tradução são o melhor meio para a divulgação da literatura nacional fora do país, mais do que a criação de cátedras ou a implantação de programas de intercâmbio cultural.
Na pesquisa, professores, editores e tradutores apontam a língua como um entrave para a projeção literária brasileira. Poucos editores leem português e podem contar com um bom tradutor.
A Brazilian Publishers, entidade do mercado editorial, convidou jornalistas americanos e europeus para conhecer e debater a literatura brasileira durante a Flip.
A Argentina, que se beneficia do alcance do espanhol, lançou em 2009 o Programa Sur para se preparar para a Feira de Frankfurt de 2010, em que foi homenageada.
Gabriela Adamo, diretora-executiva da fundação El Libro, comemora o sucesso do Sur. Em menos de dois anos, com verba de R$ 1,25 milhão o programa promoveu a edição de 291 livros em 37 países, inclusive para o inglês -o que é raro- e idiomas como o coreano, o taiwanês e o ucraniano.
"O único fracasso seria se o programa não fosse mantido", diz Adamo.


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