São Paulo, quarta-feira, 06 de julho de 2011

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Paulinho da Viola celebra Noel com a filha

Dupla vai se apresentar hoje pela primeira vez, na cerimônia de entrega do Prêmio da Música Brasileira, no Rio

No repertório, estão os sambas "Feitiço da Vila" e "De Babado"; premiação acontece no Theatro Municipal

Rafael Andrade/Folhapress
Beatriz Faria e Paulinho da Viola na casa da família, na Barra (Rio)

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DO RIO

Paulinho da Viola tinha 14 anos quando seu pai, César Faria, funcionário da Justiça e violonista do conjunto Época de Ouro, perguntou se ele queria estudar filosofia, medicina ou engenharia.
Ao ouvir que a inspiração do filho era ter um violão para se tornar sambista, aconselhou-o: "Sambista não tem valor nesta terra de doutor".
Apesar de dar razão a seu pai na letra do samba "14 Anos", Paulinho não repetiu o conselho quando chegou sua vez de orientar a filha Beatriz Faria, 32, que hoje se apresenta a seu lado na entrega do 22º Prêmio da Música Brasileira, no Theatro Municipal do Rio (leia ao lado).
"Eu não fiz isso nem com ela nem com os outros [filhos] que estão envolvidos com música", diz Paulinho, ao lado de Beatriz, em sua casa, na Barra, no Rio.
"Não que hoje haja segurança total para os que mexem com música, mas, naquela época, ser artista era uma coisa até perigosa."
Com um empurrãozinho de Paulinho, Beatriz -hoje cantora de musicais bem-sucedidos, como "Sassaricando", e a caminho do primeiro CD- pôs o pé na profissão.
"Fui convocada por ele para o "Acústico MTV" [2006]. Ainda estava em dúvida, e ele me avisou duas semanas antes da gravação que ia usar um coro e eu ia estar nele."
Hoje pai e filha farão um dueto pela primeira vez, dividindo "Feitiço da Vila" e "De Babado", ambas de Noel Rosa, o homenageado da noite.
"Minha infância foi a do rádio, ouvia-se muito a música de Noel. Na minha casa, então, todos os amigos de meu pai cantavam Noel."
Para Beatriz, o cronista de Vila Isabel traz lembranças de um sonho de infância que se concretizará hoje. "Conheci Noel na discoteca do meu pai. Achei uma coletânea em que o Chico Buarque cantava "Cem Mil Réis" com a Luisa, filha mais nova dele. Dueto de pais e filhas sempre me chamaram a atenção."
"E você pensava, "quem sabe um dia ele faz um comigo'", provoca Paulinho.
"Exatamente. Tudo que era dueto de pai e filha eu escutava muito, o LP do João Gilberto com a Bebel eu quase furei de tanto ouvir."
Paulinho também experimentará uma sensação familiar na noite por ser um dos recordistas do Prêmio da Música, com 13 troféus.
Está, no entanto, há oito anos sem lançar disco (de inéditas, então, são 15 anos). "Já tem algum tempo que não componho." A certa altura da entrevista, Paulinho diz que está "quase parando" com a carreira musical.
Com dois filhos se aventurando nesses mares (além de Beatriz, João Rabello é violonista), Paulinho fica do lado de quem quer navegar. "Essa renovação é ótima, surgem pessoas que trazem ideias novas, a vida é isso mesmo."


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