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ERUDITO
Em parceria com a Fapesp, instituto de pesquisa francês desembarca no Brasil
Música e ciência dialogam no Ircam
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Palestras, workshops, exposições, reuniões científicas e um
ateliê-concerto marcam a vinda
ao Brasil de um núcleo selecionado de uma das principais usinas
de criação e pesquisa musical da
atualidade: o Ircam, de Paris.
Realizada pela Fapesp, e com
curadoria do compositor Sílvio
Ferraz, a programação do Ircam
no Brasil começa sexta-feira, na
Unicamp, com uma palestra de
Hugues Vinet, diretor-artístico do
instituto; e prossegue no Itaú Cultural e Aliança Francesa (veja programação no quadro).
"Muita gente em vários Estados
do Brasil vem fazendo um trabalho relacionado ao Ircam", diz
Ferraz. "A programação reflete o
que acontece na Academia de Verão, um curso de sete dias que o
Ircam faz na França. Em princípio, o evento seria apenas uma
pequena reunião científica entre
as equipes do Ircam e do MusArtS; com o tempo, resolvemos
abrir a um público maior".
MusArtS (Musica Articulata
Scientia) é o nome do programa
da Fapesp destinado a pesquisa
sobre música e tecnologia, uma
espécie de instituto virtual, coordenado por Ferraz. Ele é virtual
porque não está instalado em um
prédio, e se utiliza da internet para integrar 12 núcleos de pesquisa
de universidades paulistas em
áreas como música, matemática,
física, acústica, engenharia e semiótica. "Ao longo dos cinco anos
do programa, a idéia é trabalhar
também com grupos de pesquisa
de países como Alemanha, EUA e
Inglaterra", diz.
Ircam é a sigla para Institut de
Recherche et Coordination
Acoustique/Musique (Instituto
de Pesquisa e Coordenação Acústica/Música), fundado em 1969,
em Paris, pelo compositor Pierre
Boulez, papa das vanguardas musicais do pós-guerra, e atual diretor honorário da entidade comandada por Bernard Stiegler.
Atuando na intersecção entre
música e ciência, o Ircam desenvolveu, nas últimas três décadas,
avançada tecnologia musical.
Softwares desenvolvidos pelo Ircam foram utilizados para finalidades tão díspares como o reconhecimento de timbres de falas
no célebre escândalo político de
Watergate -que derrubou o presidente norte-americano Richard
Nixon-, shows do U2, a criação
da voz artificial de "castrato" do
filme "Farinelli", de Gerard Corbiau, e a ambientação tridimensional do espetáculo multimídia
"100 Objetos para Representar o
Mundo", de Peter Greenaway, encenado em São Paulo em 1998.
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