DA ENVIADA A BELO HORIZONTE

É a própria Déborah Colker, 42, quem considera o espetáculo "Rota" (1997) como o carro-chefe de sua companhia. "Essa obra reúne pontos importantíssimos dentro da linguagem de movimento explorada pelo grupo e abre temporadas no mundo inteiro", diz. Antes de partir em turnê internacional, a cia. reapresenta "Rota" entre os dias 8 e 10 de agosto, no Credicard Hall, em SP.
Dividido em dois atos, "Rota" foi inspirado na viagem que Colker fez com os filhos à Disney. "Fiquei impressionada com as montanhas-russas e a idéia de brincar com a inversão de você. Eu parti do parque e me concentrei na roda-gigante, seu brinquedo mais representativo. Explorei a questão da física do movimento e cheguei até à roda de Leonardo da Vinci", conta a coreógrafa.
Conhecido por explorar a relação do movimento no espaço, o trabalho de Colker especula a maior possibilidade de deslocamento nos bailarinos. "Quanto mais eles são preparados tecnicamente, mais ganham liberdade. É como se seu chão começasse a inclinar. A ausência do eixo cria novas sensações." Das sete horas ensaiadas diariamente, cerca de duas e meia são reservadas ao preparo físico do elenco.
O primeiro ato do espetáculo mistura a técnica clássica com a linguagem contemporânea ao som de Mozart e Schubert. Figurino e cenário são trocados na segunda parte da obra, que tem música pop e termina com uma valsa de Strauss. "A cada vez que reestréio, faço modificações no espetáculo", afirma Colker.
Sobre o novo balé, que está sendo coreografado desde o ano passado, a bailarina pouco adianta, mas revela que fala sobre "o desejo como paixão, algo que fascina e ambiciona. Desejo daquilo que não podemos ter. Em termos de movimentação, estou buscando coisas diferentes." (KC)