São Paulo, domingo, 06 de agosto de 2006

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Crítica/"Grey's Anatomy"

Série dá uma injeção de humor nos dramas hospitalares da TV

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

No fabuloso mundo das séries de TV, sobreviver na selva da concorrência pela audiência não é tarefa simples. Para isso, não bastam ótimos roteiristas e um elenco de primeira. É preciso ou inventar uma fórmula absolutamente inédita ou mexer nos ingredientes para que o sabor final pareça diferente.
Foi esta a opção feita por Shonda Rhimes, criadora de "Grey's Anatomy". A série, que começou timidamente em 2005, já alcançou, em sua segunda temporada, nos EUA, o cobiçado terceiro lugar das mais vistas e concorre a dez importantes categorias na entrega do Emmy, no fim deste mês.
O lançamento de sua primeira temporada (nove episódios) em DVD, prevista para o dia 24, é o ponto de partida obrigatório para quem adora se viciar nesses folhetins do século 21.
O mundo hospitalar, suas crises incessantes e a vida no limite dos médicos sempre foi um filão da TV norte-americana desde os anos 60, em séries como "Dr. Kildare" ou "Medical Center". Mas foi com "ER", no ar desde 1994, que o formato se tornou ultrapopular, o que permitiu à série de Michael Crichton manter-se no topo da audiência do horário nobre na TV aberta norte-americana por mais de uma década.
Com o excesso da longa duração de "ER" (já em seu ano 13), as desventuras semanais de Meredith Grey e seus colegas no difícil aprendizado como residentes no Grace Hospital de Seattle vêm despertando mais interesse que o já cansativo grupo de atendentes das emergências no pronto-socorro do Cook Hospital de Chicago.

Rejuvenescimento
"Grey's Anatomy", porém, não se resume a uma reciclagem dos habituais dramas clínicos que séries como "ER" já ofereceram. Observa-se aqui um empenho em rejuvenescer o formato, trazendo-o para o universo de espectadores jovens. É o que fica claro desde o recorte etário dos personagens, recém-saídos da universidade e entrando no mercado de trabalho, e na trilha sonora, composta por uma seleção de alt-pop.
Há ainda uma intenção de absorver os órfãos de "Friends", já que o núcleo da série compartilha os mesmos tipos de dúvidas -afetiva, sexual, de trabalho- de Rachel, Ross e companhia, além de alguns de seus personagens dividirem o mesmo teto e, eventualmente, os mesmo lençóis.
Além disso, "Grey's Anatomy" injetou humor num mundo hospitalar, visto pela TV como um espelho de tragédias, em que dor, sangue e sofrimentos mantinham a carga dramática nas alturas. Com leveza, a série se opõe à gravidade e abre espaço para uma receita que, mesmo não sendo nova, destaca-se por oferecer outros sabores. Entre os extras estão comentário da equipe, cenas excluídas e making of.


GREY'S ANATOMY    
Criadora: Shonda Rhimes
Distribuidora: Buena Vista; R$ 49,90


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