São Paulo, sábado, 06 de agosto de 2011

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Coletânea de jornal da FEB traz mosaico da participação brasileira na 2ª Guerra

RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO

Ler as edições do jornal oficial da FEB (Força Expedicionária Brasileira) é uma viagem no tempo.
Pela segunda vez uma edição fac-similar desse precioso acervo é editada.
"O Cruzeiro do Sul" revela muito sobre o Brasil da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e sobre a única força expedicionária latino-americana a lutar em campos de batalha europeus durante o conflito.
Ter de novo estes jornais disponíveis na forma como foram editados facilita muito a vida dos pesquisadores e também daqueles meramente curiosos. A FEB era basicamente nucleada em uma divisão de infantaria de cerca de 15 mil homens, criada no formato de uma unidade deste tipo do Exército americano, no qual ela foi integrada e atuou na Itália em 1944/45.
Quase 26 mil brasileiros foram à Itália, incluindo um esquadrão de aviões de caça, outro de aviões de ligação/observação e um destacamento de 67 enfermeiras.
"O Cruzeiro do Sul" era editado sob os auspícios do comando da FEB. Trazia informações sobre a unidade e notícias do Brasil e do mundo.
O fato de ser ligado ao comando da divisão significa que, compreensivelmente, certos temas delicados não eram tratados. Em compensação, várias subunidades produziram seus próprios jornais, tinham nomes como "A Voz do Petrecho", "O Camelo", "E a Cobra Fumou!".
Mais raros de achar, são até mais interessantes, pois neles os soldados tinham um pouco mais de licença para desabafar. "E a Cobra Fumou!" era editado no paulista 6º Regimento e chegou a criticar "O Cruzeiro do Sul" por não dar o devido destaque aos feitos da unidade.
O distintivo da FEB era uma cobra fumando, pois, segundo a interpretação mais comum dos céticos, era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil mandar tropas para a Europa.
Apesar de ser uma edição bem cuidada, há uma falha logo na capa, com a foto de um soldado negro segurando uma granada de obus onde se lê "a cobra está fumando...". A foto saiu na edição número sete do jornal, mas sem identificar o soldado.
O livro o identifica erradamente como sendo o cabo Adão Rosa da Rocha, que disparou o primeiro tiro da artilharia da FEB na guerra. Na verdade, trata-se do soldado Francisco de Paula, negro da mesma guarnição do obuseiro calibre 105 mm.
O livro inclui também um fac-símile da última edição do jornal e um DVD com documentário de cerca de 20 minutos com boas imagens de época, incluindo várias da FEB na Itália. No entanto, a narração original soa datada e traz erros (são 67 enfermeiras, não enfermeiros).

O CRUZEIRO DO SUL
ORGANIZAÇÃO Roberto Mascarenhas de Moraes
EDITORA Léo Christiano Editorial/Biblioteca do Exército
QUANTO R$ 79 (222 págs.)
AVALIAÇÃO bom



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