São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2001

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Canal Brasil faz três anos e pode ganhar concorrência da Band

Divulgação/Canal Brasil
Cena de curta da série "Assombrações do Recife Velho", baseada em livro de Gilberto Freyre


LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Canal Brasil (Net/Sky) comemora, no aniversário de três anos, o "empate técnico" nas finanças, mas já se prepara para enfrentar concorrência. A Rede Bandeirantes estuda a criação de um canal por assinatura exclusivo para o cinema nacional, que seria negociado com a TVA e a DirecTV.
Além de acreditar comercialmente no projeto, a idéia da emissora, segundo a Folha apurou, é aproveitar que o governo discute a possibilidade de tornar obrigatório que todas as operadoras de TV paga tenham um canal exclusivo para exibir filmes nacionais, nos moldes do Canal Brasil.
Essa foi uma das propostas do Gedic (Grupo Executivo para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica), formado por representantes do governo e da indústria cinematográfica.
Até o fechamento desta edição, ainda não havia definição sobre a criação da lei. A Band, que foi contrária às propostas do Gedic que envolviam a TV (como o uso de 4% do faturamento das emissoras para o cinema), espera a decisão do governo para estudar a melhor forma de tocar o projeto.
Mas, além da questão política, a Band avalia que há muitas produções, "mais alternativas e baratas, que não têm espaço no Canal Brasil" e que poderiam fazer parte da programação do canal.
Wilson Cunha, diretor-geral do Canal Brasil, afirma que a idéia de ter um concorrente é interessante. "Isso agitaria ainda mais o meio. Seria bom para nós, para o cinema", diz. Ele diz ainda que o Canal Brasil não é exclusivo do sistema Net/Sky (das Organizações Globo), apesar de ser uma empresa da Globosat e de um grupo de cineastas. "Para nós, seria interessante estar em outras operadoras, e isso está sendo negociado."
Três anos depois da estréia, segundo Cunha, o canal, que teve um investimento de cerca de R$ 44 milhões da Globosat, chega ao "empate técnico". Do orçamento, 90% vêm das assinaturas (1,145 milhão no Brasil e 800 mil em Portugal) e 10%, de publicidade.
O canal, que começou com 100% da programação voltada à exibição de longas, quer investir mais em programas de debate, promoção e cobertura de eventos do meio, exibição de curtas. "Hoje, 60% da programação é dedicada aos longas. Quero baixar para 50% porque a idéia do canal não é só mostrar o que é produzido, mas fomentar a produção, participar dela", diz Cunha.
Seguindo esse conceito, o diretor anunciou a estréia do semanal "Rolo Extra", apresentado por Pedro Bial. O programa, uma co-produção entre o Canal Brasil e a produtora do jornalista, estréia dia 14, às 20h30. Será um bate-papo de 30 minutos sobre cinema.
O Canal Brasil anunciou ainda a compra da série "Assombrações do Recife Velho", baseada em livro homônimo de Gilberto Freyre. Trata-se de 11 curtas de uma produtora pernambucana sobre lendas nordestinas incorporadas ao folclore brasileiro. A estréia será dia 19 de outubro, às 20h55.


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