São Paulo, sexta, 6 de novembro de 1998

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RESTAURANTE - CRÍTICA
Dionizio traz cozinha abrasileirada

especial para a Folha

São Paulo não precisa mais de muitos restaurantes franceses ou italianos -já temos muitos, e muitos deles são bons. Se falta algo é a boa cozinha brasileira, ou ao menos abrasileirada, como as várias cozinhas regionais, ou a cozinha trivial de botequim.
É dessa última vertente que saem os melhores méritos do Armazém do Dionizio: um restaurante de cardápio variado pendente para o italiano, mas que tem como atrações os petiscos, sanduíches e pratos triviais ou caseiros, mas tratados com os requintes de um restaurante.
Não deve ser por acaso que o espírito gastronômico por trás do empreendimento, recém-aberto no local onde funcionou o restaurante Pranzo, seja o de um carioca, o arquiteto Ronald Cavalieri. Pois não são os cariocas os campeões dos botequins?
É nos botecos cariocas que se preserva o melhor de uma tradição culinária portuguesa mesclada à informalidade do brasileiro. É no Rio de Janeiro que estão os melhores restaurantes portugueses e os melhores botequins também.
O Armazém do Dionizio bebe, portanto, desta tradição. Embora, paulistano que é, tenha terminado logicamente sucumbindo à tentação do menu mais italiano, apesar de misturar também alguns pratos de tradição francesa.
Nele figuram massas caseiras recheadas (como sorrentini de alho-poró com molho de queijo, ravioli de berinjela com tomate fresco, cebola e azeitonas pretas) ou massas secas com molhos tradicionais (penne all'arrabiata, espaguete com vôngole, fetutine à bolonhesa por exemplo); a seu lado, escalope ao limão, entrecôte béarnaise e por aí vai.
Mas os melhores segredos do Dionizio (sem contar itens do cardápio como sanduíche de pernil, ou bife à milanesa com batata), escondem-se, escancarados, é nos pratos do dia.
Por preços nada excessivos, em torno de R$ 12, alternam-se sugestões como o lauto cozido dos sábados (prestes a entrar no cardápio diário), uma composição orquestrada com todas as carnes, legumes, caldos, molhos e pimentas necessários para o festim.
Outras sugestões do dia vão do arroz de pato a uma dobradinha toscana, com nacos selecionados a dedo e amaciados pelo lento cozimento, acompanhados com molho de tomate -irrepreensível (salvo pela pálida pimenta que a acompanhava); e, é claro, a feijoada de quarta-feira.
Se a massa pode estar fora do ponto, o arroz de pato muito seco e o serviço claudicante -como tem sido verificado-, são fatores a atentar para que não se comprometa este início de uma carreira que pode ser promissora.
(JOSIMAR MELO) ²
Cotação: REGULAR / $$ Onde: R. Adolfo Tabacow, 137 (Itaim, zona sul), tel. 866-4819 Quando: Segunda a sábado: 12h/ 1h Cozinha: o cardápio é mais italiano, mas os pratos do dia são de botequim Ambiente: também de botequim, mas chique Serviço: precário Manobrista (pago) Cartão: V Quanto: petiscos, entradas e saladas, R$ 5 a R$ 9,80; massas, R$ 8,80 a R$ 10,80; carnes e aves, R$ 8,90 a R$ 13,80; sobremesas, R$ 3,80 a R$ 4,80. Menu do almoço, R$ 11,90


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