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RESTAURANTE - CRÍTICA
Dionizio traz cozinha abrasileirada
especial para a Folha
São Paulo não precisa mais de
muitos restaurantes franceses ou
italianos -já temos muitos, e muitos deles são bons. Se falta algo é a
boa cozinha brasileira, ou ao menos abrasileirada, como as várias
cozinhas regionais, ou a cozinha
trivial de botequim.
É dessa última vertente que saem
os melhores méritos do Armazém
do Dionizio: um restaurante de
cardápio variado pendente para o
italiano, mas que tem como atrações os petiscos, sanduíches e pratos triviais ou caseiros, mas tratados com os requintes de um restaurante.
Não deve ser por acaso que o espírito gastronômico por trás do
empreendimento, recém-aberto
no local onde funcionou o restaurante Pranzo, seja o de um carioca,
o arquiteto Ronald Cavalieri. Pois
não são os cariocas os campeões
dos botequins?
É nos botecos cariocas que se
preserva o melhor de uma tradição
culinária portuguesa mesclada à
informalidade do brasileiro. É no
Rio de Janeiro que estão os melhores restaurantes portugueses e os
melhores botequins também.
O Armazém do Dionizio bebe,
portanto, desta tradição. Embora,
paulistano que é, tenha terminado
logicamente sucumbindo à tentação do menu mais italiano, apesar
de misturar também alguns pratos
de tradição francesa.
Nele figuram massas caseiras recheadas (como sorrentini de alho-poró com molho de queijo, ravioli
de berinjela com tomate fresco, cebola e azeitonas pretas) ou massas
secas com molhos tradicionais
(penne all'arrabiata, espaguete
com vôngole, fetutine à bolonhesa
por exemplo); a seu lado, escalope
ao limão, entrecôte béarnaise e por
aí vai.
Mas os melhores segredos do
Dionizio (sem contar itens do cardápio como sanduíche de pernil,
ou bife à milanesa com batata), escondem-se, escancarados, é nos
pratos do dia.
Por preços nada excessivos, em
torno de R$ 12, alternam-se sugestões como o lauto cozido dos sábados (prestes a entrar no cardápio
diário), uma composição orquestrada com todas as carnes, legumes, caldos, molhos e pimentas
necessários para o festim.
Outras sugestões do dia vão do
arroz de pato a uma dobradinha
toscana, com nacos selecionados a
dedo e amaciados pelo lento cozimento, acompanhados com molho de tomate -irrepreensível
(salvo pela pálida pimenta que a
acompanhava); e, é claro, a feijoada de quarta-feira.
Se a massa pode estar fora do
ponto, o arroz de pato muito seco e
o serviço claudicante -como tem
sido verificado-, são fatores a
atentar para que não se comprometa este início de uma carreira
que pode ser promissora.
(JOSIMAR MELO)
²
Cotação: REGULAR / $$
Onde: R. Adolfo Tabacow, 137 (Itaim, zona
sul), tel. 866-4819
Quando: Segunda a sábado: 12h/ 1h
Cozinha: o cardápio é mais italiano, mas os
pratos do dia são de botequim
Ambiente: também de botequim, mas
chique
Serviço: precário
Manobrista (pago)
Cartão: V
Quanto: petiscos, entradas e saladas, R$ 5 a
R$ 9,80; massas, R$ 8,80 a R$ 10,80; carnes e
aves, R$ 8,90 a R$ 13,80; sobremesas, R$
3,80 a R$ 4,80. Menu do almoço, R$ 11,90
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