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ANÁLISE
Trio definiu o espírito pop dos últimos anos
BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
Turmas são essenciais para
definir uma época. No cinema,
Godard, Truffaut e Rohmer
marcaram a França dos anos
60; Coppola, Scorsese e Spielberg, os EUA dos 70, e, numa
seara mais alternativa, Spike
Jonze, Charlie Kaufman e Michel Gondry encabeçaram um
movimento informal que despontou no final dos anos 90 na
ponte EUA/França.
É um trio que não surgiu da
cinefilia, mas por um gosto pelo
audiovisual, pela cultura pop
em geral, multifacetada, de
olho no que acontece nas ruas,
abraçando a "alta" e a "baixa"
cultura. Skate e música, por
exemplo, estão na fórmula.
"Quero Ser John Malkovich"
(1999) é o filme-chave para entender essa geração e também
cartão de visitas para o grande
público.
Na surreal questão central
(como é entrar na mente de alguém famoso?), Jonze, o diretor, e Kaufman, o roteirista,
embutiam o espírito dos anos
2000 e da busca pela fama.
Jonze, 40, caçula da turma,
segue um caminho natural com
"Onde Vivem os Monstros". Na
concepção visual lembramos
de clipes que ele fez nos anos
90, como os de "Sabotage"
(Beastie Boys) e "Buddy Holly"
(Weezer), marcados pela nostalgia convertida em imagens-fetiche.
Já o francês Gondry, 46, enfatiza as imagens de sonho e o
embaralhamento entre o real e
o imaginário. O seu "Brilho
Eterno de uma Mente sem
Lembranças" (2004), com roteiro de Kaufman, é o "O Ano
Passado em Marienbad" da geração YouTube.
Kaufman, 51, aliás, é o catalisador. Com o roteiro de "Adaptação" (2002), fixou essa mania
contemporânea de filmes metalinguísticos, de roteiros labirínticos e finais enigmáticos.
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