São Paulo, quinta-feira, 07 de janeiro de 2010

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ANÁLISE

Trio definiu o espírito pop dos últimos anos

BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Turmas são essenciais para definir uma época. No cinema, Godard, Truffaut e Rohmer marcaram a França dos anos 60; Coppola, Scorsese e Spielberg, os EUA dos 70, e, numa seara mais alternativa, Spike Jonze, Charlie Kaufman e Michel Gondry encabeçaram um movimento informal que despontou no final dos anos 90 na ponte EUA/França.
É um trio que não surgiu da cinefilia, mas por um gosto pelo audiovisual, pela cultura pop em geral, multifacetada, de olho no que acontece nas ruas, abraçando a "alta" e a "baixa" cultura. Skate e música, por exemplo, estão na fórmula.
"Quero Ser John Malkovich" (1999) é o filme-chave para entender essa geração e também cartão de visitas para o grande público.
Na surreal questão central (como é entrar na mente de alguém famoso?), Jonze, o diretor, e Kaufman, o roteirista, embutiam o espírito dos anos 2000 e da busca pela fama.
Jonze, 40, caçula da turma, segue um caminho natural com "Onde Vivem os Monstros". Na concepção visual lembramos de clipes que ele fez nos anos 90, como os de "Sabotage" (Beastie Boys) e "Buddy Holly" (Weezer), marcados pela nostalgia convertida em imagens-fetiche.
Já o francês Gondry, 46, enfatiza as imagens de sonho e o embaralhamento entre o real e o imaginário. O seu "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" (2004), com roteiro de Kaufman, é o "O Ano Passado em Marienbad" da geração YouTube.
Kaufman, 51, aliás, é o catalisador. Com o roteiro de "Adaptação" (2002), fixou essa mania contemporânea de filmes metalinguísticos, de roteiros labirínticos e finais enigmáticos.


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