São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2004

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FESTIVAL

Em sua oitava edição, evento promove acordos de distribuição de filmes e impulsiona setor das co-produções

Florianópolis celebra cinema do Mercosul

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

A oitava edição do Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM), encerrada na última sexta-feira, foi marcada por um clima de celebração. Criado em 1997 para discutir e fomentar a aproximação entre os países do Mercosul no setor audiovisual, o FAM começa agora a ver os primeiros frutos desse processo.
Três dos oito longas-metragens exibidos neste ano no evento -os argentinos "Apasionados", "Cleópatra" e "Histórias Mínimas"- foram beneficiados pelo recente acordo de distribuição Brasil-Argentina, cujas bases foram estabelecidas no FAM do ano passado.
Pelo acordo, firmado em setembro de 2003, o governo brasileiro dá apoio financeiro à distribuição de filmes argentinos no Brasil, e vice-versa.
No Brasil, a verba é fornecida a distribuidoras brasileiras que lançam longas argentinos. Para um filme com lançamento de até seis cópias, o aporte é de R$ 60 mil. Para lançamentos acima de seis cópias, o valor sobe para R$ 100 mil. Esse dinheiro cobre despesas de legendagem, produção de cartazes e publicidade.
Segundo Alberto Flaksman, superintendente de Comércio Exterior da Agência Nacional de Cinema, presente ao FAM, o acordo bilateral está beneficiando o lançamento de dois longas brasileiros na Argentina: "O Caminho das Nuvens", de Vicente Amorim, e "Madame Satã", de Karim Aïnouz. De acordo com Flaksman, o governo brasileiro pretende firmar tratados semelhantes com outros países do continente.
Outro setor impulsionado pelo FAM é o das co-produções. O produtor e distribuidor brasileiro Beto Rodrigues conta que foi numa edição do evento que acertou com a produtora uruguaia Irene Gonçalves uma parceria para a realização do longa "Diário de um Novo Mundo".
Com direção de Paulo Nascimento, o filme, que tem também participação da Argentina e de Portugal, está em finalização e deve ser lançado em outubro no Brasil, em dezembro na Argentina, em janeiro em Portugal e em maio no Uruguai.
Outro motivo de comemoração para os organizadores do evento foi a transferência do FAM para o Centro Integrado de Cultura, onde as sessões de cinema se realizaram num teatro com quase mil lugares. Com isso, acabaram-se as filas e as brigas por convites.
O FAM exibiu neste ano, além dos três longas argentinos, um uruguaio ("Aparte", de Mario Handler), um chileno ("Sexo com Amor", de Boris Quércia) e três brasileiros: "De Passagem", de Ricardo Elias, "Glauber, o Filme", de Silvio Tendler, e "O Signo do Caos", de Rogério Sganzerla. Houve homenagens a Glauber Rocha (1939-81) e Sganzerla (1946-2004), com a presença das mães dos dois cineastas.
Entre os eventos paralelos, houve uma mostra de curtas infantis, um encontro de escolas de cinema dos países do Mercosul e reuniões de distribuidores e produtores da região.
Além dos oito longas, foram exibidos no FAM 26 curtas em 35 mm, seis curtas em 16 mm e 45 vídeos. A única queixa do diretor do evento, Antonio Celso dos Santos, é contra a Petrobras, que nesta edição deixou de patrocinar o FAM. "Justamente agora, que consolidamos nossa importância na integração regional, eles nos deixaram na mão."


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