|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FESTIVAL
Em sua oitava edição, evento promove acordos de distribuição de filmes e impulsiona setor das co-produções
Florianópolis celebra cinema do Mercosul
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
A oitava edição do Florianópolis
Audiovisual Mercosul (FAM), encerrada na última sexta-feira, foi
marcada por um clima de celebração. Criado em 1997 para discutir e fomentar a aproximação
entre os países do Mercosul no setor audiovisual, o FAM começa
agora a ver os primeiros frutos
desse processo.
Três dos oito longas-metragens
exibidos neste ano no evento -os
argentinos "Apasionados",
"Cleópatra" e "Histórias Mínimas"- foram beneficiados pelo
recente acordo de distribuição
Brasil-Argentina, cujas bases foram estabelecidas no FAM do ano
passado.
Pelo acordo, firmado em setembro de 2003, o governo brasileiro
dá apoio financeiro à distribuição
de filmes argentinos no Brasil, e
vice-versa.
No Brasil, a verba é fornecida a
distribuidoras brasileiras que lançam longas argentinos. Para um
filme com lançamento de até seis
cópias, o aporte é de R$ 60 mil.
Para lançamentos acima de seis
cópias, o valor sobe para R$ 100
mil. Esse dinheiro cobre despesas
de legendagem, produção de cartazes e publicidade.
Segundo Alberto Flaksman, superintendente de Comércio Exterior da Agência Nacional de Cinema, presente ao FAM, o acordo
bilateral está beneficiando o lançamento de dois longas brasileiros na Argentina: "O Caminho
das Nuvens", de Vicente Amorim, e "Madame Satã", de Karim
Aïnouz. De acordo com Flaksman, o governo brasileiro pretende firmar tratados semelhantes
com outros países do continente.
Outro setor impulsionado pelo
FAM é o das co-produções. O
produtor e distribuidor brasileiro
Beto Rodrigues conta que foi numa edição do evento que acertou
com a produtora uruguaia Irene
Gonçalves uma parceria para a
realização do longa "Diário de um
Novo Mundo".
Com direção de Paulo Nascimento, o filme, que tem também
participação da Argentina e de
Portugal, está em finalização e deve ser lançado em outubro no
Brasil, em dezembro na Argentina, em janeiro em Portugal e em
maio no Uruguai.
Outro motivo de comemoração
para os organizadores do evento
foi a transferência do FAM para o
Centro Integrado de Cultura, onde as sessões de cinema se realizaram num teatro com quase mil lugares. Com isso, acabaram-se as
filas e as brigas por convites.
O FAM exibiu neste ano, além
dos três longas argentinos, um
uruguaio ("Aparte", de Mario
Handler), um chileno ("Sexo com
Amor", de Boris Quércia) e três
brasileiros: "De Passagem", de Ricardo Elias, "Glauber, o Filme",
de Silvio Tendler, e "O Signo do
Caos", de Rogério Sganzerla.
Houve homenagens a Glauber
Rocha (1939-81) e Sganzerla
(1946-2004), com a presença das
mães dos dois cineastas.
Entre os eventos paralelos, houve uma mostra de curtas infantis,
um encontro de escolas de cinema dos países do Mercosul e reuniões de distribuidores e produtores da região.
Além dos oito longas, foram
exibidos no FAM 26 curtas em 35
mm, seis curtas em 16 mm e 45 vídeos. A única queixa do diretor do
evento, Antonio Celso dos Santos,
é contra a Petrobras, que nesta
edição deixou de patrocinar o
FAM. "Justamente agora, que
consolidamos nossa importância
na integração regional, eles nos
deixaram na mão."
Texto Anterior: Panorâmica - Cinema: Diretor de "Harry Potter" diz que Hollywood faz os piores filmes do mundo Próximo Texto: Seminário: Série debate comercialização da vanguarda Índice
|