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SEMINÁRIO
"Das Utopias ao Mercado", no Rio, convida Walter Salles, Guarnieri e Tendler para discutir os ideais dos 60 hoje
Série debate comercialização da vanguarda
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Marcus Vinicius Faustini ficou
conhecido como um diretor de
peças clássicas brasileiras, em especial políticas, como "Eles Não
Usam Black-Tie", de Gianfrancesco Guarnieri. Mas com o seminário "Das Utopias ao Mercado",
que começa hoje no Rio, ele diz
não querer fazer qualquer visita
nostálgica ao passado. A palavra-chave é "provocação".
"A liberdade, que era o grande
ícone de 1968, hoje é o paradigma
do mercado. Livre é quem tem
cartão de crédito, celular etc. Os
valores do mercado são defendidos pelos atores sociais de 1968,
como [o ministro da Casa Civil]
José Dirceu. E mesmo a vanguarda virou produto. Queremos explorar todas essas contradições",
diz Faustini, 32.
O evento acontecerá nas segundas de junho, no Espaço Cultural
Sérgio Porto. Hoje, o tema é "Arte: da Vanguarda ao Produto",
com a participação do cineasta
Silvio Tendler, do músico Marcelo Yuka e do artista Carlos Zílio.
A noite mais esperada é a do dia
21: o cineasta Walter Salles, o ator
e dramaturgo Gianfrancesco
Guarnieri, o historiador e ex-guerrilheiro Daniel Aarão Reis e o
escritor e ex-guerrilheiro Carlos
Eugênio Paz falarão de "Che Guevara, do Herói ao Mito Pop".
"Será interessante porque eles
têm visões bem diferentes de
Che", acredita Faustini, que há
anos pesquisa a vida do líder
guerrilheiro, sobre quem montará um espetáculo no final deste
ano, com sua companhia, a CTI
-°Arte, Política e Outras Poéticas
Enfermas.
Antes, em 9 de julho, ele estreará, também com seu grupo, uma
"versão crítica" de "Hoje É Dia de
Rock", a peça de José Vicente que
marcou época no início dos anos
1970, levando ao palco muitos dos
ideais de 1968.
"Brinco com meu grupo que estamos fazendo neste ano uma Intifada [levante palestino contra a
ocupação israelense] contra os
dois grandes males da cultura: o
espectro de 1968 e o entretenimento. Em geral, os representantes de ambos são muito pouco autocríticos", afirma Faustini.
Entre os outros participantes de
"Das Utopias ao Mercado" estão
o encenador Amir Haddad, a psicanalista Maria Rita Kehl e a cineasta Lúcia Murad.
Também haverá leituras de peças no evento. Hoje será lida
"Temporada Popular", de Sergio
Fonta. Nas semanas seguintes,
"Um Grito Parado no Ar", de
Guarnieri; "Rasga Coração", de
Oduvaldo Vianna Filho; e "Roda
Viva", de Chico Buarque.
DAS UTOPIAS AO MERCADO. Quando:
segundas de junho, às 20h. Onde: Espaço
Cultural Sérgio Porto (r. Humaitá, 163,
Rio, tel. 0/xx/21/2266-0896). Quanto:
entrada franca.
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