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TELEVISÃO
Série sobre cirurgia plástica ganha nova temporada e DVD; brasileiro Bruno Campos será um novo personagem
"Nip/Tuck" retorna com bisturi afiado
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Hoje o principal sustentáculo e
diferencial da TV paga, o filão dos
seriados faz jus à lógica mercantilista: venda ao povo aquilo que ele
quer. E basta lembrar quais são as
fantasias que povoam os sonhos
de boa parte do público-alvo do
segmento, vindo das classes A e B,
para entender o sucesso de uma
série como "Nip/Tuck", que dá a
largada a um período de boas estréias neste segundo semestre.
Drama de humor negro, a produção, uma das melhores, mais
cínicas, grotescas -e criativas-
da atualidade, retorna em três
frentes. No Brasil, o canal Fox estréia sua segunda temporada a
partir desta terça-feira, enquanto
as lojas recebem um box com cinco DVDs de seu primeiro ano a
partir da semana que vem (Warner, R$ 130, em média). Nos EUA,
a boa recepção garantiu uma terceira temporada, que estréia por
lá em 20 de setembro próximo.
Segundo a Fox brasileira, o programa é um dos carros-chefes do
canal, liderando seu ibope (não
divulgado) ao lado de "24 Horas"
e "Os Simpsons". No Globo de
Ouro deste ano, venceu na categoria melhor série de drama.
"Nip/Tuck" é um Frankenstein
bem-sucedido formado de pedaços de diferentes gêneros. Toca na
obsessão norte-americana (e brasileira) pelas aparências; aproxima-se de "reality shows" ao mostrar em detalhes carne humana
sendo retalhada em operações
-aqui, essas seqüências são registradas como um glamouroso
videoclipe; na segunda temporada, uma dessas cenas é ironicamente embalada pelo hit oitentista "Eyes without a Face" (Olhos
sem face), de Billy Idol; agrada
ainda a homens e mulheres que
preferem cenas leves de sexo e beleza exterior à interior; aos fãs de
dramas familiares mais tradicionais e apreciadores de tramas policiais e de suspense. Tudo enxertado no mesmo produto.
Neste primeiro episódio, o dr.
Sean McNamara (Dylan Walsh)
entra em crise ao completar 40
anos. Começa a sofrer tiques nervosos e pensa em largar a carreira.
Ao mesmo tempo, é intimado pela sogra a lhe fazer uma operação
e atende uma mulher que levou
um tiro no rosto.
No Brasil, a série ganha um interesse a mais. É no finzinho desta
temporada que o brasileiro Bruno
Campos (conhecido por aqui pelo
seu trabalho em "O Quatrilho",
1995, de Fábio Barreto) faz sua estréia, como convidado especial.
Na temporada 3, ele se tornará
um personagem fixo.
Indústria das séries
Campos, 31, interpreta Quentin
Costa, cirurgião que terá um papel fundamental na vida de Sean.
"A série tem dois protagonistas
que são opostos. Sean é ético, a
voz moral do programa, enquanto o dr. Christian Troy [Julian
McMahon] não é tão dedicado e
representa o desejo, o pecado, o
outro lado moral da cirurgia", diz
Campos à Folha. "Meu personagem vai incorporar esses dois lados. É um personagem ambíguo e
encarna o bem e o mal." O ator diz
que conheceu o criador da série,
Ryan Murphy, quando este trabalhava em um projeto chamado
"More", há cinco anos. "Era sobre
um gigolô, uma comédia de humor negro surreal. Na época, o estilo era considerado muito agressivo, hoje faz o maior sucesso."
Este não é o primeiro personagem com nome latino que Campos interpreta; ele agora ironicamente trabalha em uma série que
aborda o mundo das aparências.
"Não sou como o Antonio Banderas, que saiu da Espanha depois
de anos. Moro nos EUA há 18
anos, tenho uma carreira aqui.
Quando interpreto um personagem latino, não faço estereótipos.
Quentin Costa é um grande cirurgião, um dos melhores dos EUA."
Campos acredita que as relações
entre séries de TV e cinema estão
em transformação nos EUA. "O
cinema surgiu quase 50 anos antes da TV. Com esse tempo, o cinema atingiu status. Antes, era raro ver um ator da TV fazendo filmes. Você era de uma área ou de
outra. Hoje, tudo é misto, a linha
está quase extinta. O Julian, por
exemplo, acabou de fazer "O
Quarteto Fantástico"."
Nip/Tuck (2ª temporada)
Quando: às terças-feiras, às 22h, no Fox
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