São Paulo, domingo, 07 de agosto de 2005

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TELEVISÃO

Série sobre cirurgia plástica ganha nova temporada e DVD; brasileiro Bruno Campos será um novo personagem

"Nip/Tuck" retorna com bisturi afiado

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Hoje o principal sustentáculo e diferencial da TV paga, o filão dos seriados faz jus à lógica mercantilista: venda ao povo aquilo que ele quer. E basta lembrar quais são as fantasias que povoam os sonhos de boa parte do público-alvo do segmento, vindo das classes A e B, para entender o sucesso de uma série como "Nip/Tuck", que dá a largada a um período de boas estréias neste segundo semestre. Drama de humor negro, a produção, uma das melhores, mais cínicas, grotescas -e criativas- da atualidade, retorna em três frentes. No Brasil, o canal Fox estréia sua segunda temporada a partir desta terça-feira, enquanto as lojas recebem um box com cinco DVDs de seu primeiro ano a partir da semana que vem (Warner, R$ 130, em média). Nos EUA, a boa recepção garantiu uma terceira temporada, que estréia por lá em 20 de setembro próximo. Segundo a Fox brasileira, o programa é um dos carros-chefes do canal, liderando seu ibope (não divulgado) ao lado de "24 Horas" e "Os Simpsons". No Globo de Ouro deste ano, venceu na categoria melhor série de drama. "Nip/Tuck" é um Frankenstein bem-sucedido formado de pedaços de diferentes gêneros. Toca na obsessão norte-americana (e brasileira) pelas aparências; aproxima-se de "reality shows" ao mostrar em detalhes carne humana sendo retalhada em operações -aqui, essas seqüências são registradas como um glamouroso videoclipe; na segunda temporada, uma dessas cenas é ironicamente embalada pelo hit oitentista "Eyes without a Face" (Olhos sem face), de Billy Idol; agrada ainda a homens e mulheres que preferem cenas leves de sexo e beleza exterior à interior; aos fãs de dramas familiares mais tradicionais e apreciadores de tramas policiais e de suspense. Tudo enxertado no mesmo produto. Neste primeiro episódio, o dr. Sean McNamara (Dylan Walsh) entra em crise ao completar 40 anos. Começa a sofrer tiques nervosos e pensa em largar a carreira. Ao mesmo tempo, é intimado pela sogra a lhe fazer uma operação e atende uma mulher que levou um tiro no rosto. No Brasil, a série ganha um interesse a mais. É no finzinho desta temporada que o brasileiro Bruno Campos (conhecido por aqui pelo seu trabalho em "O Quatrilho", 1995, de Fábio Barreto) faz sua estréia, como convidado especial. Na temporada 3, ele se tornará um personagem fixo.
Indústria das séries
Campos, 31, interpreta Quentin Costa, cirurgião que terá um papel fundamental na vida de Sean. "A série tem dois protagonistas que são opostos. Sean é ético, a voz moral do programa, enquanto o dr. Christian Troy [Julian McMahon] não é tão dedicado e representa o desejo, o pecado, o outro lado moral da cirurgia", diz Campos à Folha. "Meu personagem vai incorporar esses dois lados. É um personagem ambíguo e encarna o bem e o mal." O ator diz que conheceu o criador da série, Ryan Murphy, quando este trabalhava em um projeto chamado "More", há cinco anos. "Era sobre um gigolô, uma comédia de humor negro surreal. Na época, o estilo era considerado muito agressivo, hoje faz o maior sucesso." Este não é o primeiro personagem com nome latino que Campos interpreta; ele agora ironicamente trabalha em uma série que aborda o mundo das aparências. "Não sou como o Antonio Banderas, que saiu da Espanha depois de anos. Moro nos EUA há 18 anos, tenho uma carreira aqui. Quando interpreto um personagem latino, não faço estereótipos. Quentin Costa é um grande cirurgião, um dos melhores dos EUA." Campos acredita que as relações entre séries de TV e cinema estão em transformação nos EUA. "O cinema surgiu quase 50 anos antes da TV. Com esse tempo, o cinema atingiu status. Antes, era raro ver um ator da TV fazendo filmes. Você era de uma área ou de outra. Hoje, tudo é misto, a linha está quase extinta. O Julian, por exemplo, acabou de fazer "O Quarteto Fantástico"."


Nip/Tuck (2ª temporada)
Quando: às terças-feiras, às 22h, no Fox



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