São Paulo, terça-feira, 07 de agosto de 2007

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Criador da "Wallpaper" lança "Monocle"

Guru da moda, Tyler Brûlé cria revista de luxo em que destinos turísticos convivem com design, arquitetura, belos e belas

Um dos responsáveis por colocar Brasil no circuito da moda, ele afirma que país não soube aproveitar curiosidade do mundo pop

RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL

Chique no último é pouco para descrevê-lo. Nos seis anos em que dirigiu a revista "Wallpaper", que criou aos 27 anos de idade, o canadense Tyler Brûlé ditou o quem é quem na moda, no estilo de vida, no design e na arquitetura.
No Brasil, suspiros deslumbrados se repetiam cada vez que ele citava um lugar ou uma marca na publicação -um atestado de prestígio global.
Cinco anos depois de deixar sua criação, Brûlé, 38, volta com uma revista ainda mais ambiciosa que a "Wallpaper" -chamada "Monocle" (monóculo). Quase 300 páginas em quatro tipos de papel, capa preta, onde destinos turísticos exóticos convivem com o melhor do design e da arquitetura, cercados por belas e belos modelos por todos os lados.
Só que agora, política e economia também têm espaço -desde que sejam cool, como os negócios imobiliários quentes em Tóquio ou na Toscana.
Se na sua antiga revista Brulé deu farto espaço ao Brasil, a "Monocle" volta a dar destaque ao país com reportagens sobre a rotina de trabalho de João Moreira Salles e fotos exclusivas do hotel Fasano no Rio.
Mas ele acha que "pouco ficou" da badalação sobre o Brasil na esteira do sucesso de Gisele Bündchen. Leia trechos da entrevista que ele deu à Folha.
 
VIDA NÔMADE
Viajar virou algo fácil e barato, de um ponto de vista europeu ou norte-americano. Novas linhas aéreas te levam para o mundo inteiro por muito pouco. Isso cria estilos de vida que ignoram fronteiras. Esse leitor jovem que viaja muito quer experiências únicas.

MODA BRASIL
Fora a música e as Havaianas, a indústria brasileira não soube aproveitar a curiosidade que o mundo pop teve no país.
E vocês têm a Embraer, força global, que tem design, tecnologia, que transporta milhares de pessoas no mundo todo.
O Brasil tem incríveis talentos e mão-de-obra barata, mas não se tornou uma marca forte. Não sei se tem volta, é como avaliar uma festa. Já passou?

MUNDO FEIO
Sempre fui interessado pelo modernismo dos anos 50, 60, até os 70, que olhavam para o futuro, como tantas obras do Niemeyer.
Mas, no Canadá, onde nasci, constrói-se em estilo falso-mediterrâneo, falso-mexicano, que não tem nada a ver. O mesmo acontece na China ou em Dubai, nos subúrbios da Austrália. Muito mais coisa feia que boa se constrói no mundo.

MUNDO SÉRIO
O Reino Unido é um lugar muito diferente agora do que quando criei a "Wallpaper". Além do fim da bolha de internet, agora o país está em guerra, em dois países. Assuntos geopolíticos e de economia impactam cultura, design e estilo de vida. Não dá mais para separar.

MORTE DO PAPEL
A internet é legal, mas, para ler, você ainda precisa de papel. O melhor lugar para ler um artigo longo ainda é o papel. Acho que jornais e revistas terão que se transformar. Uma banca de jornais em Seul ou em Tóquio é excitante. Temos que pensar na experiência tátil, visual.


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