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Criador da "Wallpaper" lança "Monocle"
Guru da moda, Tyler Brûlé cria revista de luxo em que destinos turísticos convivem com design, arquitetura, belos e belas
Um dos responsáveis por colocar Brasil no circuito da moda, ele afirma que país não soube aproveitar curiosidade do mundo pop
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
Chique no último é pouco para descrevê-lo. Nos seis anos
em que dirigiu a revista "Wallpaper", que criou aos 27 anos
de idade, o canadense Tyler
Brûlé ditou o quem é quem na
moda, no estilo de vida, no design e na arquitetura.
No Brasil, suspiros deslumbrados se repetiam cada vez
que ele citava um lugar ou uma
marca na publicação -um atestado de prestígio global.
Cinco anos depois de deixar
sua criação, Brûlé, 38, volta
com uma revista ainda mais
ambiciosa que a "Wallpaper"
-chamada "Monocle" (monóculo). Quase 300 páginas em
quatro tipos de papel, capa preta, onde destinos turísticos
exóticos convivem com o melhor do design e da arquitetura,
cercados por belas e belos modelos por todos os lados.
Só que agora, política e economia também têm espaço
-desde que sejam cool, como
os negócios imobiliários quentes em Tóquio ou na Toscana.
Se na sua antiga revista Brulé
deu farto espaço ao Brasil, a
"Monocle" volta a dar destaque
ao país com reportagens sobre
a rotina de trabalho de João
Moreira Salles e fotos exclusivas do hotel Fasano no Rio.
Mas ele acha que "pouco ficou"
da badalação sobre o Brasil na
esteira do sucesso de Gisele
Bündchen. Leia trechos da entrevista que ele deu à Folha.
VIDA NÔMADE
Viajar virou algo fácil e barato, de um ponto de vista europeu ou norte-americano. Novas linhas aéreas te levam para
o mundo inteiro por muito
pouco. Isso cria estilos de vida
que ignoram fronteiras. Esse
leitor jovem que viaja muito
quer experiências únicas.
MODA BRASIL
Fora a música e as Havaianas, a indústria brasileira não
soube aproveitar a curiosidade
que o mundo pop teve no país.
E vocês têm a Embraer, força
global, que tem design, tecnologia, que transporta milhares de
pessoas no mundo todo.
O Brasil tem incríveis talentos e mão-de-obra barata, mas
não se tornou uma marca forte.
Não sei se tem volta, é como
avaliar uma festa. Já passou?
MUNDO FEIO
Sempre fui interessado pelo
modernismo dos anos 50, 60,
até os 70, que olhavam para o
futuro, como tantas obras do
Niemeyer.
Mas, no Canadá, onde nasci,
constrói-se em estilo falso-mediterrâneo, falso-mexicano,
que não tem nada a ver. O mesmo acontece na China ou em
Dubai, nos subúrbios da Austrália. Muito mais coisa feia que
boa se constrói no mundo.
MUNDO SÉRIO
O Reino Unido é um lugar
muito diferente agora do que
quando criei a "Wallpaper".
Além do fim da bolha de internet, agora o país está em guerra,
em dois países. Assuntos geopolíticos e de economia impactam cultura, design e estilo de
vida. Não dá mais para separar.
MORTE DO PAPEL
A internet é legal, mas, para
ler, você ainda precisa de papel.
O melhor lugar para ler um artigo longo ainda é o papel. Acho
que jornais e revistas terão que
se transformar. Uma banca de
jornais em Seul ou em Tóquio é
excitante. Temos que pensar na
experiência tátil, visual.
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