MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois do êxito de "Amnésia", parece que a perda da memória tem seduzido cineastas ao redor do mundo todo. "O Terceiro Olho", do alemão Ronald Suso Richter, também utiliza tal tema, assim como fez seu conterrâneo Wolfgang Becker, com hábil direção, em "Adeus, Lênin".
A comparação com Becker é pertinente, apesar de os filmes serem de gêneros diferentes. "O Terceiro Olho" flerta com a ficção científica, com relatos similares da literatura de H.G. Wells e também passeia pelo policial. Já Wolfgang Becker joga com a história e faz um belo filme sobre identidade e memória.
Assim, o título de Richter de certa forma transita mais por uma mitologia do cinema -o policial e a "sci-fi" são mais recorrentes no imaginário cinematográfico do que a memória histórica e coletiva. E bons resultados devem exigir mais habilidade do diretor, já que muito já foi dito, retrabalhado e mostrado sobre os temas.
É nesse ponto que "O Terceiro Olho" parece se confortar. Ao contar a história do jovem Simon (Ryan Phillippe), que perde a memória de dois anos após sofrer um acidente -cujos desdobramentos também são colocados em xeque mais à frente- e descobre que seu irmão (Robert Sean Leonard) morreu, a direção de Richter não é ruim, mas tampouco se propõe a maiores ousadias.
O diretor acerta em não fazer algumas concessões -o filme é passado quase que somente em ambientes internos, aumentando a claustrofobia-, o elenco é bom -há Stephen Rea e Sarah Polley, entre outros-, mas, ao final, o espectador fica com sensação de déjà vu, tal qual o protagonista.

O Terceiro Olho
The I Inside
  
Direção: Roland Suso Richter
Produção: EUA, 2003
Com: Ryan Phillippe, Sarah Polley
Quando: a partir de hoje no Frei Caneca Unibanco Arteplex e no Jardim Sul