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Festival do Rio divide prêmios
Filmes de Karim Aïnouz, Heitor Dhalia e Cao Hamburger foram considerados os melhores do evento
Segundo longa do diretor de "Madame Satã", "O Céu
de Suely" obteve o título do júri oficial, além de vencer
em melhor direção e atriz
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
O melhor filme do Festival
do Rio 2006 foram três. "O Céu
de Suely" (Karim Aïnouz) obteve o título do júri oficial; "O
Cheiro do Ralo" (Heitor Dhalia) ficou com o prêmio da crítica, e "O Ano em que Meus Pais
Saíram de Férias" (Cao Hamburger) foi a escolha do público.
A multiplicidade de vencedores
faz jus ao alto nível da disputa
da Première Brasil, entre dez
títulos brasileiros de ficção,
inéditos nos cinemas.
Foi esse o aspecto que Aïnouz destacou em seu agradecimento. "Eu me sinto realmente orgulhoso de estar fazendo cinema no Brasil neste
momento. Parece demagogia,
mas quero dedicar esse prêmio
a todos os filmes que estavam
na Première Brasil", disse o diretor cearense radicado no Rio.
"O Céu de Suely" recebeu
também do júri oficial, presidido pelo cineasta Nelson Pereira
dos Santos, os prêmios de melhor direção e atriz (Hermila
Guedes, a Suely do título e alma
do filme), num sinal de coerência na decisão raramente vista
nos resultados das disputas de
festivais brasileiros.
De volta para o sertão
Segundo longa de Aïnouz,
que estreou com "Madame Satã" (2002), "O Céu de Suely"
acompanha uma jovem nordestina em sua viagem de volta
ao sertão cearense, depois de
um tempo vivido em São Paulo.
O marido deveria juntar-se
mais tarde a Hermila (o nome
da personagem coincide com o
da atriz, num expediente usado
pelo diretor para aproximar
ambas) e ao filho pequeno do
casal. Ele não vai, e Hermila decide partir novamente da pequena Iguatu, desta vez para o
ponto mais distante do país a
que possa chegar de ônibus.
Para comprar a passagem, ela
inventa a personagem Suely e a
rifa de "uma noite no Paraíso",
alterando a rotina da cidade e
sua relação com os moradores.
O filme estréia no dia 17/11. Antes, participa da Mostra de São
Paulo (20/10 a 2/11).
Já a estréia de "O Cheiro do
Ralo", agraciado com o Prêmio
Especial do Júri, além da escolha da crítica, será em março de
2007. "Vamos empestear o resto do Brasil com o nosso cheiro", disse Selton Mello, protagonista do longa, baseado no livro de Lourenço Mutarelli.
Mello dividiu o prêmio de
melhor ator com o estreante
Sidney Santiago ("Os 12 Trabalhos"). A atriz Christiane Torloni, membro do júri, justificou
a decisão, ao anunciá-la: "Temos um ator-revelação e um
grande ator, que vem construindo sua carreira de maneira delicada e corajosa".
Santiago, que é negro, afirmou que o fato de estar ali "significa que Milton Gonçalves,
Elisa Lucinda, Ruth de Souza
lutaram por esse espaço".
Cao Hamburger, diretor de
"O Ano em que meus Pais Saíram de Férias", que mostra a
ditadura militar pela ótica de
um garoto, foi representado pelo produtor Fabiano Gullane,
na entrega do troféu popular.
"Cao está neste momento no
avião, indo para Recife, onde
começamos nossa turnê de
pré-estréias", explicou o produtor à platéia.
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