São Paulo, sexta-feira, 07 de outubro de 2011

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Irregular, "Meu País" aponta para cineasta em desenvolvimento

Filme marca a estreia de André Ristum na direção e nos lança em drama intimista sobre problemas familiares

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Se a primeira impressão é a que fica, "Meu País" está bem de vida.
A primeira sequência, de um velho vivendo seus últimos momentos, sofrendo e filmando a si mesmo, parece anunciar um filme com pessoas de verdade, coisa que tem sido um tanto rara.
O que vem depois é irregular. O velho (Paulo José) é pai de dois irmãos bem diferentes, Marcos (Rodrigo Santoro) e Tiago (Cauã Reymond).
O primeiro é um bem-sucedido executivo (ou algo assim) na Itália. O segundo, um playboy à espera de que alguém o salve de si mesmo e pague suas dívidas de jogo.
Em suma, o primeiro é responsável, e o segundo, não.
Quando chega, Marcos é informado da existência de Manuela (Débora Falabella), uma meia-irmã com problemas mentais que deve ser retirada da clínica em que vive.
O primeiro dado (a morte do pai) era misterioso. O segundo nos lança em um drama intimista não sem afinidade com o cinema de Walter Hugo Khoury.
Marcos é o sujeito responsável que tenta resolver os problemas de herança para voltar à Itália logo. Quanto mais tenta, mais se enrola nos problemas familiares.
Pior: quanto mais se enreda com a família, mais relega a mulher italiana (Anita Caprioli) a segundo plano: é no seio da família primeira que estão seus afetos mais profundos, nota-se.
Em "Meu País" não é a falta de sinceridade que chama a atenção, mas o excesso dela, o que também se constitui num empecilho e talvez justifique a tensão dramática desigual ao longo do filme (um personagem com problemas mentais é, de fato, um desafio em termos dramáticos: por mais comovente que seja, não raro atravanca a ação).
No mais, a direção dos atores é irregular, parecendo se dedicar muito a Débora Falabella, o que de fato se justifica, e menos à composição dos personagens masculinos, em particular ao mais interessante, o de Cauã Reymond, que parece bem fora de registro.
Apesar desses problemas, "Meu País" aponta para um cineasta, André Ristum, que denota plenas condições de desenvolver sua personalidade nos próximos trabalhos.

MEU PAÍS
DIREÇÃO André Ristum
PRODUÇÃO Brasil, 2011
COM Cauã Reymond, Rodrigo Santoro, Débora Falabella
ONDE nos cines Reserva Cultural, Lumière Playarte e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO regular



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