especial para a Folha

"É Preciso Saber Viver", a música de Roberto e Erasmo que virou a primeira faixa de trabalho de "Volume Dois", gerou comentários jocosos quando tocou no rádio.
Tem saxofone dispensável, coro apelativo, guitarra incômoda e a letra das menos inspiradas. Mas essa combinatória resulta no que talvez seja a melhor faixa do novo disco dos Titãs. Como disse o guitarrista Marcelo Fromer, "É Preciso Saber Viver".
A mensagem destina-se ao público que ouve a música nas emissoras AM (que canta o refrão com gosto, porque o refrão é fortíssimo), mas também aos críticos.
"Volume Dois", primeiro produto pós-consagração popular dos Titãs, parece uma afirmação radical desse desencanamento.
Daí não ser casualidade "Sonífera Ilha" abrir o disco. É o hit dos Titãs menos teen, menos cabeça, menos sujo, o mais pop, do mais pop dos seus discos: o primeiro.
Incluir um trompete e uma slide de surf music nem chega a conspurcar o original, atende apenas a uma demanda particular da banda, que achou um dia legal trabalhar com orquestra e, legal também, levar uma bolada por isso.
Não dá para dizer que fizeram "Volume Dois" por grana. Qual a garantia de um projeto caro como esse continuar vingando?
Se há um tema apelativo de Roberto, é provavelmente porque ele dialoga com "Sonífera" (e aí estão duas das músicas que sintetizam o que os Titãs sempre quiseram ser).
Posto isso, bem que poderiam ter produzido um compacto. Mas, já que tinham espaço para 16 faixas, Nando Reis traveste-se de Lô Borges em "Eu e Você", Sérgio Brito quis mostrar ao mundo que falar de malandragem é coisa velha no Brasil no samba "Seu Delegado", e o que mais? Esqueci. (PV) ²

Disco: Volume Dois Artista: Titãs Lançamento: WEA Quanto: R$ 18, em média



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