São Paulo, quarta-feira, 07 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

saiba mais

Músico registra Mendelssohn em novo álbum

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Sonoridade gloriosa, afinação impecável, discurso musical fluente, excelência técnica, maturidade interpretativa: os últimos discos do violoncelista pernambucano radicado na Suíça Antonio Meneses têm trazido todas essas qualidades, e o derradeiro, dedicado a Mendelssohn, não é exceção.
Meneses começou a carreira na década de 1980, na esteira do primeiro prêmio obtido no Concurso Tchaikovski, em Moscou. Ao lado do pianista russo Evgueni Kissin e da violinista alemã Anne-Sophie Mutter, foi um dos jovens astros a gravar naquele período com a Filarmônica de Berlim, comandada pelo mítico Herbert von Karajan (1908-1989).
Com 50 anos de idade e a inestimável vivência de dez anos fazendo música de câmara com o piano genial de Menahem Pressler, no Beaux Arts Trio, Meneses parece estar vivendo seu auge técnico e intelectual.
O pianista que o acompanha no disco de Mendelssohn não é Pressler, nem a baiana Cristina Ortiz, com a qual ele teve um duo cheio de som e fúria, mas o suíço Gérard Wyss, que pode não possuir todo o refinamento de Pressler, nem a sonoridade exuberante de Ortiz, mas se revela um parceiro inteligente e sensível.
Félix Mendelssohn (1809-1847) teve um irmão, Paul, que era violoncelista amador, ao qual dedicou sua primeira sonata para o instrumento. A segunda, de maior fôlego, entrou definitivamente no repertório do violoncelo, como elemento de ligação entre o universo de Beethoven, o primeiro autor importante a escrever sonatas para violoncelo e piano, e Brahms, que compôs um par de obras-primas no gênero.
Houve uma época em que foi moda acusar Mendelssohn de superficialidade.
Ouvir o bem-acabado disco de Meneses é o melhor antídoto para esses preconceitos, e descobrir o vigor e a elegância desse mestre do período de transição entre o apuro formal do estilo clássico e os arroubos retóricos da geração romântica.


MENDELSSOHN - MÚSICA PARA VIOLONCELO E PIANO
Artista:
Antonio Meneses (violoncelo) e Gérard Wyss (piano)
Gravadora: Avie Records/Selo Clássicos
Quanto: R$ 37


Texto Anterior: Crítica/erudito: Antonio Meneses leva cada nota ao limite da expressão
Próximo Texto: Montagem satiriza o mito de Orfeu
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.