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CINEMA / ESTRÉIAS
Crítica/"Meu Nome É Dindi"
Encanto de estreante vai além de citações
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Em sua estréia na direção de longas, o jovem
cineasta e produtor
Bruno Safadi passa ao largo da
originalidade para empreender
um interessante retorno às origens. "Meu Nome É Dindi"
nem chega a ser um filme que
se resume numa história. Trata-se mais de um conjunto de
situações, nas quais Safadi faz
frutificar sua idéia de cinema.
"A gente vai fazer com que
Belair deixe de ser um nome
proibido", declama o militar
Marcão. Nome mítico do cinema de invenção brasileiro, a
produtora Belair resultou de
ideais de criação dos diretores
Rogério Sganzerla e Julio Bressane e da atriz Helena Ignez.
Em 1970, a Belair produziu sete
títulos dos diretores que fizeram ventilar nosso cinema.
A fala de Marcão é dirigida à
quitandeira Dindi (Djin Sganzerla, filha de Rogério e Helena). O jangadeiro Jacaré e a Dama de Shangai também são
evocados, além de personagens
feitos por Maria Gladys e Tereza Maron, filha de Gladys.
A profusão das referências a
Sganzerla/ Bressane marca o
lado negativo do longa, como se
fosse necessário conquistar espectadores capazes de reconhecer citações e aprovar o filme pelo caminho da filiação.
Mas é por outro caminho da
filiação que o filme afirma seu
encanto. A quitandeira, órfã de
mãe e de pai desconhecido, é
posta sob o risco de forças vorazes do mercado, como o supermercado que vende tudo e
compra todos.
Contra eles, Dindi vai sair em
busca de salvação, esforço no
qual reencontra as origens. Num
jogo em que as imagens abrigam
a convivência de presente e passado, de real e imaginação, a graça que a personagem alcança
carrega junto o espectador, conduzindo-o pelas delícias da memória, do sonho e da poesia. Desse modo astuto, Safadi se posiciona contra o cinema de supermercado e nos oferece um saboroso filme de quitanda.
MEU NOME É DINDI
Produção: Brasil, 2008
Direção: Bruno Safadi
Com: Djin Sganzerla, Gustavo Falcão
Onde: estréia no Frei Caneca
Classificação: não indicado a menores de 16 anos
Avaliação: bom
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