São Paulo, quinta-feira, 07 de dezembro de 2006

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Edvaldo Santana toca seu caldeirão musical

Músico paulista fará apresentação amanhã, no Sesc Pompéia, para lançar o álbum "Reserva de Alegria"

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Edvaldo Santana, 50 anos e 30 de carreira, não é um maldito. Aliás, Edvaldo Santana não acredita no rótulo de "maldito".
O músico, que acaba de lançar seu novo álbum, "Reserva de Alegria", e faz show de lançamento amanhã no Sesc Pompéia, faz parte de uma linhagem que inclui de Tom Zé a Itamar Assumpção, mas nega qualquer linha evolutiva "paralela" à música brasileira "oficial".
"Se é paralelo, não sou eu que vou dizer", comenta ele. "Isso é coisa de mercado, de querer catalogar. Não gosto muito desse tipo de coisa, parece uma tentativa de isolar certos músicos. A arte é maior que rótulos. Esse negócio de maldito é uma coisa que ninguém gosta. Pô, o cara faz uma música bonita e você vai chamar de maldito?"

Tom Waits
Com sua voz rouca e sua infinidade de influências -em especial o blues e diversidades brasileiras-, Santana é invariavelmente comparado a Tom Waits, especialmente pelo timbre e certa crueza em temas e arranjos. O músico da zona leste descendente de pernambucana e piauiense reconhece a influência, mas relativiza o quanto.
"Isso vem mais de outras pessoas, de quem ouve", explica. "Eu gosto do Tom Waits. Ele é um dos caras que ouvi, mas acho que a comparação é mais por causa da voz e por ambos termos uma relação forte com a música negra. Hoje em dia, todo mundo se influencia por todo mundo."
Citando como referências principais músicos distintos como Raul Seixas e Sérgio Sampaio, Luiz Melodia e Adoniran Barbosa, Bob Marley e John Lennon, Carlos Santana e Jimi Hendrix, Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, Santana reconhece que sua principal característica é o sincretismo resultante de tudo o que ouve. Mas, então, como explicar Edvaldo Santana?
"Acho que sou um compositor e cantor que recebe influências fragmentadas", afirma o próprio. "E, com isso, eu consigo fazer um caldeirão, consigo fazer música que seja saudável para o meu sentimento. Pego o suingue sofisticado da música brasileira e também a melancolia do blues e misturo com música latina, rock, jazz, xote, baião, poesia, literatura de cordel... E continuo aprendendo algo novo todos os dias, recebendo influências. Isso nunca pára", diz o músico. (RONALDO EVANGELISTA)

EDVALDO SANTANA
Quando: amanhã, às 21h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 0/xx/11/3871-7700)
Quanto: R$ 12


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