São Paulo, sexta-feira, 07 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mais lançamentos

Animação
Bee Movie - A História de uma Abelha
STEVE HICKMER E SIMON J. SMITH
Onde:
a partir de hoje nos cines Bristol 4, Iguatemi Cinemark 4, Shopping D 4 e circuito
Avaliação: bom
Concebido por Jerry Seinfeld a pedido de Jeffrey Katzenberg -o poderoso chefão da DreamWorks Animations-, "Bee Movie" não é muito diferente de um episódio de "Seinfeld" para crianças. O que o filme traz de melhor são as ótimas tiradas de diálogo, espirituosas e sarcásticas, distribuindo ferroadas por diversos aspectos da vida contemporânea (sobram algumas, até, para Sting e Ray Liotta). E o que traz de pior é a necessidade de costurar tudo isso em uma história com início, meio e fim. Isto é, "Bee Movie", infelizmente, não tem coragem de ser "sobre o nada", como "Seinfeld", a série, o era. Faltou peito para assumir uma estrutura verdadeiramente episódica, que não precisasse passar, necessariamente, pelo "arco do herói". Se a trajetória da abelha Barry B. Benson e sua decisão de processar a humanidade por ter roubado mel não tem lá muito interesse, as entrelinhas da trama e a esperteza dos diálogos garantem a diversão, principalmente dos adultos. Na versão original, merece destaque a participação de Chris Rock, como um inseto. (PEDRO BUTCHER)

Documentário
PQD
GUILHERME COELHO
Onde:
a partir de hoje nos cines Frei Caneca Unibanco Arteplex e Bombril
Avaliação: bom
Depois do ótimo "Fala Tu", sobre jovens dedicados ao hip hop nas periferias do Rio de Janeiro, Guilherme Coelho volta sua lente para uma turma de candidatos à tropa de elite do Exército, os pára-quedistas. Não por acaso, algumas das palavras de ordem ouvidas no filme brasileiro mais visto e comentado do ano reverberam nesse documentário. Como em "Fala Tu", o que interessa ao diretor são as formas de inclusão social encontradas pela juventude das áreas periféricas. Nesse caso, a disciplina e o esforço físico substituem o manejo das palavras e o ritmo. Como bem mostra Coelho, alistar-se no Exército é uma das poucas opções concretas que se apresentam para uma imensa quantidade de jovens no auge de seus desejos e utopias. Antes do Exército, "me sentia catando papel na ventania", diz um. Ou, nas palavras de uma das mães entrevistadas, "o Exército, como a igreja, traz uma doutrina, uma disciplina". Nos jovens soldados, portanto, não há muitos vestígios de patriotismo. Suas presenças, ali, são muito mais de ordem prática do que ideológica. (PB)

Drama
Armênia
ROBERT GUÉDIGUIAN
Onde:
a partir de hoje no cine Reserva Cultural
Avaliação: regular
Habitualmente voltada para o cotidiano de Marselha em filmes como "A Cidade Está Tranqüila" (2000) e "Marie-Jo e Seus Dois Amores" (2002), a trupe informal de atores e técnicos que sempre acompanha o diretor e roteirista francês Robert Guédiguian ("O Último Mitterrand") muda de ares em "Armênia". A história começa na França, com o repentino desaparecimento de um professor de dança (Marcel Bluwal) depois de saber, pela filha cardiologista (Ariane Ascaride, mulher de Guédiguian), que precisará se submeter a uma cirurgia de emergência. Preocupada com o paradeiro do pai, ela segue pistas que a levam até Yerevan, capital da Armênia, próxima à fronteira com a Turquia. Filho de pai armênio (e mãe alemã), o cineasta explora a geografia física e humana do país, bem como a memória do genocídio de 1915-1922, em viagem afetuosa às raízes familiares. Quase se deixa seduzir, contudo, por subtrama policial, relacionada ao banditismo local pós-URSS, que ameaça transformar esse drama nostálgico em pastiche involuntário dos gângsteres ultraviolentos dos filmes mais recentes de David Cronenberg. (SÉRGIO RIZZO)

Comédia
Garçonete
ADRIENNE SHELLY
Onde:
a partir de hoje no cine HSBC Belas Artes
Avaliação: regular
A morte da atriz Adrienne Shelly (1966-2006) confere ar redobrado de amargura ao póstumo "Garçonete", seu longa de estréia como diretora. Vítima de assassinato que a polícia de Nova York tratou inicialmente como suicídio, ela ainda trabalhava na finalização do filme, que estreou menos de três meses depois, já com dedicatória a ela nos créditos finais, no Sundance Festival. Shelly (de "A Incrível Verdade" e "Confiança", ambos de Hal Hartley) faz um papel secundário na trama, como uma das colegas de trabalho da protagonista (Keri Russell) na principal lanchonete de uma pequena cidade.
Garçonete apreciada pelas tortas que faz, ela sonha participar de um concurso de receitas, mas o marido brucutu (Jeremy Sisto), por quem ela já começa a sentir aversão, não gosta da idéia. A chegada de um jovem médico (Nathan Fillion) ao lugar cria promessa de felicidade que, embaralhada a um imprevisto colossal, recheia sua vida de angústia. O romantismo e o bom humor no tratamento de seus dramas, entretanto, conduzem à defesa enfática da mulher contra a opressão masculina e à celebração da maternidade. (SR)

Musical
Across the Universe
JULIE TAYMOR
Onde:
a partir de hoje nos cines Bristol, Espaço Unibanco, Iguatemi Playarte e circuito
Avaliação: péssimo
Transformar as canções dos Beatles em um filme musical pode ter parecido uma idéia genial aos roteiristas de "Across the Universe". Afinal, além de boas músicas, são universalmente conhecidas por públicos das mais diversas idades e já trazem nelas um bom número de personagens. Por mais simpática que seja a proposta, no entanto, há um efeito de déjà-vu que destrói toda a pretensão de originalidade nesta tradução de músicas em imagens. A começar pela sombra de "Hair", musical adaptado por Milos Forman para o cinema em 1979 e que "Across the Universe" copia sem pudores. Pior, contudo, é o roteiro, que nem chega a se estruturar numa narrativa, apenas ajunta pedaços que remetem a temas (campos de morangos) e personagens (Jude, Lucy, Prudence) das canções. E o déjà-vu se intensifica na abordagem dos anos 60, mais uma vez sob a ótica da "revolução jovem" (alguém ainda agüenta?). Com tudo isso, "Across the Universe" seria mais interessante se limitasse a ser apenas um almanaque de vidas passadas feito para satisfazer a nostalgia de tiozões. (CÁSSIO STARLING CARLOS)

Texto Anterior: Crítica/"Novo Mundo": Diretor italiano lança olhar original e atual sobre a imigração
Próximo Texto: Música: Grupo mostra "tecno engajado" em SP
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.