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entrevista
Arne Lygre conjuga teatro e romance
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O drama norueguês contemporâneo ganha vez em
palcos brasileiros. Do país de
Henrik Ibsen (1828-1906), os
textos mais encenados em
São Paulo nesta década são
de Jon Fosse, por Denise
Weinberg ("Nome") e Fernanda D'Umbra ("Roxo").
Agora, o encontro é com o
dramaturgo Arne Lygre, em
"Homem sem Rumo", pelas
mãos de Roberto Alvim.
Também artista plástico,
Lygre, 39, estreou profissionalmente com "Mother and
Me and Men" ("A Mãe, Eu e
os Homens"), em 1998.
"Man Without Purpose", o
título em inglês do texto cuja
montagem está em cartaz no
Sesc Avenida Paulista, é o penúltimo dos cinco que somam a sua curta obra para
teatro, mas o primeiro a ser
encenado no Brasil.
"Tenho andado interessado em experimentar formas
e estruturas de peça em minha escrita. Tentar descobrir
um novo caminho para contar uma história é das minhas principais inspirações
na literatura", diz Lygre.
Em 2004, ele lançou uma
coletânea de contos, "In Time", pela qual foi premiado
em seu país. Na semana passada, participou em São Paulo de um encontro na Mostra
Sesc de Artes em que falou de
dramaturgia dentro de segmento que incluiu leituras
de outros autores da Noruega, como Fosse, Nïels Fredrik Dahl e Tryti Vennerod.
"É interessante desenvolver uma história sob diferentes ângulos. A perspectiva de
tempo é algo sobre o qual venho trabalhando bastante. A
linguagem também tem
muita importância nas peças, o ritmo do texto. A respeito disso, não me ocupo do
realismo. Acho que é mais interessante quando os personagens, o contexto e o sentimento surgem um pouco como arquétipos, não necessariamente ligados a tempo ou
lugar", afirma Lygre.
"Homem sem Rumo" é baseada na crença de que só o
dinheiro garante a felicidade.
Em suas peças, Lygre cria
personagens que passam por
deslocamentos interiores, irrompem em pequenos monólogos na terceira pessoa,
dirigindo-se diretamente ao
espectador. Reflexo da contaminação do teatro pelo romance na assinatura do autor? "Não sei exatamente como as minhas peças e os romances influenciam um ao
outro. Por um longo tempo,
só fui dramaturgo. Depois,
desejei escrever romances e
contos também, como se fosse um desafio para mostrar a
minha capacidade de usar a
linguagem de outra forma."
Para Lygre, às vezes é bom
que um texto seja lido nas
páginas de um livro e não interpretado no palco por outro artista.
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