São Paulo, terça-feira, 07 de dezembro de 2010

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Mostra destaca o traço convulsivode Georg Baselitz

Neoexpressionista alemão tem 30 telas sobre caos e violência reunidas na Estação Pinacoteca, em SP

Artista já participou da Documenta de Kassel, da Bienal de Veneza e também da 13ª Bienal de São Paulo, em 1975

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Um homem sem cabeça, de membro ereto, chuta uma caveira no chão. É feito de manchas, estilhaços de cor e traços erráticos. No plano de fundo, está um quadriculado de cores primárias, espécie de Mondrian transtornado.
Toda a obra de Georg Baselitz, agora na Estação Pinacoteca, parece pautada por essa fúria viril e uma vontade de desestruturar a ordem. Nesse quadro, a figura acéfala opõe uma potência erótica à morte e atenta contra qualquer anseio construtivo.
Baselitz é todo caos. E um tanto de controvérsia. Nos anos 60, outra tela em que retratou um menino se masturbando, ou um anão vítima de priapismo, chegou a ser confiscada pela polícia alemã.
No plano histórico, esse artista se enquadra entre outros neoexpressionistas da Alemanha, onde nasceu, mas parece fundir ao estilo uma ironia um tanto corrosiva e farta dose de melancolia.
Suas figuras de ponta-cabeça, série extensa que ocupa uma sala inteira da mostra, surrupiam a leveza das figuras, retratadas em traços duros e suas máculas. Pernas violetas trajam saltos negros que se despedaçam no ar.
Tudo parece violentado, com marcas de bala, fraturas expostas e cortes secos. Na figura invertida de um homem de calção azul, o chão de ladrilhos ocupa o lugar do céu, jogando para a base da composição um vazio e, para o alto da tela, uma carga pesada.
Na última sala da mostra, ficam histórias interrompidas. Quase todas as figuras estão cortadas ao meio por tarjas de tinta, imitando falhas grosseiras na impressão.
São abalos na forma que emprestam caráter metonímico à pintura. Baselitz trabalha com fúria um descompasso entre forma almejada e a imagem que se completa na imaginação do espectador.
Dessa economia de meios e tinta estourada sobre a tela, fica só um desarranjo grotesco, com notas de cor aqui e ali, ecos de Kandinsky. Parece a vida vista entre rastros de turbilhões sangrentos.

GEORG BASELITZ

QUANDO hoje, às 19h30; ter. a dom., das 10h às 18h; até 30/1
ONDE Estação Pinacoteca (lgo. General Osório, 66, região central, tel. 0/xx/11/3335-4990)
QUANTO R$ 6


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