São Paulo, sexta, 8 de janeiro de 1999

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IMPRENSA
Norma prevê prisão de quem invadir propriedade ou usar lentes de longa distância para fotografar personalidades
Califórnia adota "Lei Antipaparazzi"

MARCELO DIEGO
de Nova York

Desde sexta-feira passada todo o Estado da Califórnia (EUA) tem uma nova lei, a SB262, conhecida como "Lei Antipaparazzi".
Ela prevê a prisão de qualquer fotógrafo que invadir propriedade ou usar lentes de longa distância para fazer fotos de pessoas famosas e até de seus familiares em momentos de privacidade.
Paparazzi é a designação dos repórteres-fotográficos especialistas em fotos de celebridades.
A lei foi assinada pelo ex-governador Pete Wilson, atendendo a um pedido do Sindicato dos Atores. É na Califórnia que está localizada a cidade de Los Angeles, a capital do cinema e da TV nos EUA.
A pena pode ser imputada até se uma pessoa "ostentar agressivamente" um microfone ou uma câmera fotográfica, sem o consentimento do entrevistado.
O pedido da lei havia sido feito ao sindicato pelo ator George Clooney (de "Plantão Médico" e "Batman e Robin"), que lançou uma campanha nacional contra os fotógrafos. Clooney chegou a culpar os fotógrafos pela morte da princesa Diana, em 1997.
"Esse é um exemplo de como o governo age em benefício de um grupo minoritário", disse Steve Sands, fotógrafo de Nova York, que não vai mais fazer fotos na Califórnia. Para Sands, os fotógrafos deveriam deixar de fazer fotos promocionais dos astros -como em estréias de filmes- em uma represália à lei.
A agência fotográfica Spash, uma das maiores de Los Angeles, ainda não sabe o impacto financeiro que a nova lei pode acarretar, mas acha que deve diminuir a oferta de fotos e aumentar o preço de imagens exclusivas (o que poderia incentivar os fotógrafos indiscretos, no lugar de afastá-los).
Mas os executivos acreditam que a lei é dúbia: se um ator estiver no jardim em frente à sua casa, sem nenhum muro em volta, seria proibido fazer uma foto dele? A agência acredita que não.
O governador da Califórnia diz estar atendendo ao direito de resguardo da privacidade de seus cidadãos, acrescentando que a lei vale para todos -não só para astros do cinema.
Tony Frost, editor do jornal sensacionalista "Globe", disse à imprensa norte-americana que seus advogados consideraram a lei inconstitucional e que planeja não respeitá-la. Ele disse que seu jornal tem um código de ética para evitar a premiação de métodos escusos para a obtenção de fotos.



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