São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2010

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COMIDA

Crítica

Comida apaga a aura de sofisticação do novo japonês da rua Mário Ferraz

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Há algo estranho no Sakê Japanese Fusion.
Ele tem toda a pinta de restaurante sofisticado, mas qualquer aura de sofisticação desaparece quando se chega ao principal: a comida.
Aberto no final do ano passado (já tem duas unidades em Vitória, ES, a primeira de janeiro de 2007) pelos irmãos Rai Ahamad e Hussein Keshavjee (que vieram de Portugal) e o amigo Paulo Henrique Miranda, o Sakê fica no comecinho da rua Dr. Mario Ferraz, onde se amontoa parte da elite dourada paulistana diante dos estabelecimentos vizinhos. Sua entrada tem enormes biombos vazados que criam uma continuidade do salão com a rua. Nos fundos, um espelho d'água; na frente, um pequeno lounge com sofá. Na mesa, louça japonesa. Tudo elegante sem excesso.
Abra-se, porém, o cardápio.
Mesmo sem saber o que significa a cozinha japonesa "fusion" que anuncia, ao ir direto para o item mais cobiçado, os sushis, o cliente percebe que a variedade de peixes crus oferecida se resume a atum, salmão e "peixe branco". Como qualquer dos muitos rodízios baratos e medíocres que infestam a cidade.
"Peixe branco"? (No caso, o robalo.) Apenas um, dos muitos existentes; e mais nenhum dos chamados peixes azuis. Na oferta de sushis, a "variedade" seguirá com outros itens (cozidos, marinados, defumados) como enguia, hadoque, polvo e camarão.
Quanto ao "japanese fusion", parece se traduzir por misturar ingredientes díspares e colocar bastante molho tarê (adocicado) ou ainda acrescentar uns toques de pimenta. Aí você terá pirulitos de salmão recheado com "cream cheese" e tomate seco, empanado em gergelim; "dyo mexicano" (salmão picado com "cream cheese", cebolinha, molho teriyaki, servido sobre doritos); enrolado de salmão com "cream cheese" e geleia de amora; e algumas variações em que o hadoque pode vir por fora, e sempre com bastante molho adocicado e alguma pimenta.
Do molho, não escapam nem pratos quentes tradicionais, como o yakisoba. Ah, dentro do conceito fusion cabem ainda pratos 100% ocidentais (são três), como ravióli de salmão (haja salmão!) com molho de cogumelos, ou filé recheado com shiitake.

josimar@basilico.com.br


SAKÊ JAPANESE FUSION

Avaliação:  
Endereço: r. Dr. Mario Ferraz, 37, Jardim Europa, tel. 0/xx/ 11/ 3034-3125
Funcionamento: dom. a qua., das 12h às 15h e das 19h à 0h; qui. a sáb., das 12h às 15h e das 19h à 1h
Ambiente: moderno, com um pequeno lounge; na fachada, enormes biombos vazados ligam o salão à rua
Serviço: a atenção é total aos poucos cliente
Vinhos: alguma variedade de saquês
Cartões: A, M, D, V
Estacionamento: R$ 12
Preços: entradas, de R$ 7,50 a R$ 55; pratos principais, de R$ 27 a R$ 76,50; sobremesas, de R$ 7,82 a R$ 14,72




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