São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2005

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ANIMAÇÃO

Festival, que começa hoje no Rio e dia 20 em São Paulo, traz vencedor do Oscar e homenageia Rui de Oliveira

13º Anima Mundi diminui para melhorar

Divulgação
Cena de "Ryan", vencedor do Oscar 2005, que está no Anima Mundi


MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um festival com mais filmes inscritos e menos filmes em exibição, eis a receita do 13º Anima Mundi, Festival Internacional de Animação do Brasil, para alavancar a qualidade da programação e também dar mais chances ao público para assistir aos destaques.
De hoje até o dia 17, no Rio, e de 20 a 24/7, em São Paulo, o público poderá assistir a 369 produções (pouco menos da metade das 612 exibidas em 2004) elaboradas com as mais diversas técnicas de animação -computação gráfica, massinha, pixilation, pintura etc.
A depuração radical dos selecionados para esta edição (foram 1.134 inscritos, 51 a mais do que em 2004) deixou o Anima Mundi com o tamanho considerado ideal, segundo Cesar Coelho, um dos organizadores. "Com a quantidade de filmes do ano passado, muitos deles eram exibidos em apenas uma sessão, principalmente em São Paulo. Agora o público tem mais chance de ver os filmes mais procurados, e a qualidade das sessões subiu", explica.
As produções vêm de 41 países, liderados pelo Brasil (com 73 animações), seguido pela França (63) e pelos EUA (34). A novidade é a participação de Cingapura, com o curta "Elephant: OK", dirigido por Srinivas Bhakta.
Puxando os destaques da 13ª edição (veja quadro ao lado) está o vencedor do Oscar 2005 de melhor curta em animação, "Ryan". O documentário, dirigido pelo canadense Chris Landreth (que conversa com o público no Rio, no "Papo Animado"), é uma entrevista -com os personagens reproduzidos em computação tridimensional- com Ryan Larkin, renomado animador canadense, referência mundial com filmes como "Walking" (1968) e "Street Musique" (1971).
Nela, Larkin passa por uma espécie de confessionário -ele mesmo ironiza a situação no filme- relembrando seu passado glorioso, desfeito pelo vício em cocaína e pelo alcoolismo, até chegar ao atual estado de mendicância nas ruas de Quebec. Landreth mistura seus próprios conflitos pessoais (artísticos, familiares) aos de seu entrevistado, e o resultado é um filme belíssimo, de uma alegria melancólica.
Além de Chris Landreth, o "Papo Animado" terá sessões com o ucraniano Igor Kovaliov (cuja obra vai desde o infantil "Rugrats - Os Anjinhos" até filmes mais impressionistas, como "Bird in the Window"), o suíço Georges Schwizgebel (que faz animação em acetato, mas com texturas de pintura a óleo), o americano Ron Diamond (da badalada produtora Acme Filmworks) e o brasileiro Rui de Oliveira.
Este último, referência na animação e ilustração brasileiras (é dele, por exemplo, a famosa abertura da primeira versão do "Sítio do Picapau Amarelo" na TV), é definido por Cesar Coelho como "um dos embaixadores do Anima Mundi". Doutor em comunicação e estética do audiovisual pela USP, o carioca Oliveira influenciou gerações de animadores nacionais, entre eles o próprio Coelho. "Eu era engenheiro até ver uma exposição do Rui. Aí descobri o que eu queria fazer e fui para a faculdade de belas artes", diz.
Além do "Papo Animado", o festival continua com o "Estúdio Aberto" (oficinas de animação de diferentes técnicas) e com a premiação de animações para a internet. A novidade é a premiação de trabalhos feitos para celulares. O público pode assistir e votar em seus favoritos por meio do site www.animamundiweb.com.br

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