São Paulo, segunda-feira, 08 de agosto de 2005

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TV PAGA

Os 19 filmes incluem nomes consagrados como Yasujiro Ozu e Kenji Mizoguchi, além de atuais como Takeshi Kitano

Ciclo foge do óbvio na fartura da produção japonesa

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

É um ciclo de respeito este que o Telecine está inaugurando em dois de seus canais, o Classic e o Emotion. São, no total, 19 filmes, dos quais oito, representando o cinema japonês atual, vão para o Telecine Emotion. Os demais, referentes ao pré e ao pós-Segunda Guerra, ficam no Classic.
É claro que 19 filmes não poderão jamais resumir a riqueza e a diversidade dessa cinematografia, mas a amostragem é significativa e sempre foge ao óbvio. Vejamos os mais célebres diretores clássicos daquele país. Yasujiro Ozu (1903-1963) tem três filmes que permitirão acompanhar a formação de seu estilo ("Dias de Juventude", de 1929, "Meninos de Tóquio", de 1932, e "Filho Único", de 1936 -os dois primeiros mudos), antes de reencontrá-lo no apogeu, com "Também Fomos Felizes" (1951).
Já o soberbo Kenji Mizoguchi (1898-1956) tem apenas dois filmes na mostra, mas "A Perdição de Osen" (1935) é um belíssimo filme mudo, em que já desenvolve o seu tema favorito (condição das mulheres, prostituição), que aparentemente será retomado no filme "Vitória das Mulheres" (1946).
Akira Kurosawa (1910-1998) comparece apenas com um filme menor (embora grande no tamanho), "O Idiota" (1951), e com seu seu penúltimo longa, "Rapsódia em Agosto" (1991). Em compensação, Keisuke Kinoshita (1912-1998), dito "o magnífico", vem com três trabalhos, entre eles o pacifista "24 Olhos" (1954) e a comédia "A Volta de Carmen" (1951), o primeiro filme japonês colorido.
Mikio Naruse (1905-1969) é outro cineasta que está na hora de ser redescoberto. Este intimista sensibilíssimo, que influenciou bastante o cinema de Walter Hugo Khouri, será representado no ciclo por "Batalha das Rosas" (1950).
Entre os filmes ditos atuais, alguns cineastas cujo trabalho alcançou repercussão recentemente, como Takeshi Kitano ("Adrenalina Máxima", de 1994, e "Verão Feliz", de 1997) e, sobretudo, Shohei Imamura, do pouco conhecido, porém admirável, "A Minha Vingança" (1979) e do já lançado aqui, em cinemas e vídeo, "A Enguia" (1997).
Mas há lugar também para o último filme do cineasta Tadashi Imai (diretor de "Guerra e Juventude", 1991), famoso não só pelo talento como pelos pendores esquerdistas no pós-guerra.
Os filmes de samurais, honorável tradição do cinema nipônico, ficam um pouco escanteados no ciclo. Seu único representante é "Arakiri" (1962), do diretor Masaki Kobayashi (1916-1996). Mas é, para dizer o mínimo, um filme cortante.

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