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TV PAGA
Os 19 filmes incluem nomes consagrados como Yasujiro Ozu e Kenji Mizoguchi, além de atuais como Takeshi Kitano
Ciclo foge do óbvio na fartura da produção japonesa
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
É um ciclo de respeito este que o
Telecine está inaugurando em
dois de seus canais, o Classic e o
Emotion. São, no total, 19 filmes,
dos quais oito, representando o
cinema japonês atual, vão para o
Telecine Emotion. Os demais, referentes ao pré e ao pós-Segunda
Guerra, ficam no Classic.
É claro que 19 filmes não poderão jamais resumir a riqueza e a
diversidade dessa cinematografia,
mas a amostragem é significativa
e sempre foge ao óbvio. Vejamos
os mais célebres diretores clássicos daquele país. Yasujiro Ozu
(1903-1963) tem três filmes que
permitirão acompanhar a formação de seu estilo ("Dias de Juventude", de 1929, "Meninos de Tóquio", de 1932, e "Filho Único", de
1936 -os dois primeiros mudos),
antes de reencontrá-lo no apogeu,
com "Também Fomos Felizes"
(1951).
Já o soberbo Kenji Mizoguchi
(1898-1956) tem apenas dois filmes na mostra, mas "A Perdição
de Osen" (1935) é um belíssimo
filme mudo, em que já desenvolve
o seu tema favorito (condição das
mulheres, prostituição), que aparentemente será retomado no filme "Vitória das Mulheres"
(1946).
Akira Kurosawa (1910-1998)
comparece apenas com um filme
menor (embora grande no tamanho), "O Idiota" (1951), e com seu
seu penúltimo longa, "Rapsódia
em Agosto" (1991). Em compensação, Keisuke Kinoshita (1912-1998), dito "o magnífico", vem
com três trabalhos, entre eles o
pacifista "24 Olhos" (1954) e a comédia "A Volta de Carmen"
(1951), o primeiro filme japonês
colorido.
Mikio Naruse (1905-1969) é outro cineasta que está na hora de
ser redescoberto. Este intimista
sensibilíssimo, que influenciou
bastante o cinema de Walter Hugo Khouri, será representado no
ciclo por "Batalha das Rosas"
(1950).
Entre os filmes ditos atuais, alguns cineastas cujo trabalho alcançou repercussão recentemente, como Takeshi Kitano ("Adrenalina Máxima", de 1994, e "Verão Feliz", de 1997) e, sobretudo,
Shohei Imamura, do pouco conhecido, porém admirável, "A
Minha Vingança" (1979) e do já
lançado aqui, em cinemas e vídeo,
"A Enguia" (1997).
Mas há lugar também para o último filme do cineasta Tadashi
Imai (diretor de "Guerra e Juventude", 1991), famoso não só pelo
talento como pelos pendores esquerdistas no pós-guerra.
Os filmes de samurais, honorável tradição do cinema nipônico,
ficam um pouco escanteados no
ciclo. Seu único representante é
"Arakiri" (1962), do diretor Masaki Kobayashi (1916-1996). Mas é,
para dizer o mínimo, um filme
cortante.
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