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São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2003

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DRAMATURGIA

Texto escrito em 1999 por Samir Yazbek é incluído entre clássicos de programa federal e vai virar filme

Peça "O Fingidor" chega à sala de aula

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O autor escreve uma peça e, menos de cinco anos depois de levá-la ao palco, sua história ganha formato de livro e chega às mãos de milhares de estudantes da rede pública do país.
Não bastasse a chancela de melhor texto teatral de São Paulo no ano de sua estréia, em 1999 (Prêmio Shell) e o convite para representar o Brasil no Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, em Portugal (2002), "O Fingidor" segue provocando boas surpresas para o seu autor, o paulistano Samir Yazbek.
O drama acaba de ser incluído no Programa Nacional Biblioteca da Escola, do Ministério da Educação, que distribui livros de vários gêneros para alunos da rede pública do país. "O Fingidor" será publicada no próximo ano, pela editora Ática (SP), conforme indicação do dramaturgo, ator e tradutor Vadim Nikitin.
A obra fará parte de uma coleção voltada para alunos da 8ª série, que inclui gêneros como poesia, conto e romance.
Dentro do programa federal, a peça de Yazbek, 35, vai figurar ao lado de textos como "Sonho de Uma Noite de Verão", de Shakespeare (1564-1616), e "O Burguês Fidalgo", de Molière (1622-1673).
Ou, ainda, contracenar com "O Santo e a Porca", de Ariano Suassuna, 76, e de "O Pagador de Promessas", do baiano Dias Gomes (1922-99), representantes da moderna dramaturgia no século 20.
"A peça deixa minhas mãos em definitivo. É uma bela maneira de introduzir o aluno à dramaturgia atual, e um ganho extraordinário para os autores contemporâneos", diz Yazbek, que pertence à geração de autores surgida no final dos anos 90.
Em sua narrativa ficcional, "O Fingidor" elege Fernando Pessoa (1888-1935) como personagem. O poeta português surge doente e sem dinheiro. O personagem encarna um heterônimo (recurso que Pessoa, o escritor, utilizava com frequência em sua obra) e conquista a vaga de datilógrafo de um renomado crítico literário.
O novo trabalho vai lhe proporcionar um encontro com a governanta da casa. A aventura também poderá incluir um encontro consigo mesmo, suas crises de criação e de amor.
Segundo o autor, que também dirigiu a montagem, o alento da publicação deve trazer a peça de volta ao cartaz, em breve, protagonizada por Hélio Cícero e Mariana Muniz. Mais: "O Fingidor" será adaptada para o cinema, por Luiz Otavio de Santi, que também assina o roteiro. "Estamos em pré-produção do longa-metragem", afirma Santi, 41. Segundo ele, será mantido o núcleo da trama e o ator (Cícero), mas a peça se passará numa cidade portuária, como Santos (SP).
O diretor está na quarta versão do roteiro e pretende converter o Pessoa de "O Fingidor" num poeta dos dias que correm.


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