São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2010

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cinema

Burman mira amor e conflitos fraternos

Sétimo longa do premiado cineasta argentino estreia hoje em São Paulo

Filme é adaptação do romance "Villa Laura", de Sergio Dubcovsky, e se passa na Argentina e no Uruguai

SYLVIA COLOMBO
EDITORA DA ILUSTRADA

Para o cineasta Daniel Burman, 37, o único assunto que existe é a família.
O argentino retratou a convivência de um jovem com o pai ("Esperando o Messias", 2000), de outro com a mãe ("O Abraço Partido", 2004), a de um homem, no início da fase adulta, com mulher e filho ("Leis de Família", 2006) e a de um casal maduro ("O Ninho Vazio", 2008).
Agora, é na relação entre dois irmãos -bem mais velhos, solteiros e órfãos- que Burman se debruça.
O sétimo filme do diretor, que estreia hoje, transita entre o melodrama e a comédia ao contar a história de Marcos (Antonio Gasalla) e Rosana (Graciela Borges).
Ele tem 64 anos, é homossexual e passou a vida cuidando da mãe. Ela é dez anos mais jovem, vaidosa, controladora, vive de cambalachos.
Depois da morte da mãe, Susana tira Marcos do antigo apartamento da família e o força a viver no povoado de Villa Laura, no Uruguai, à beira do Prata. Com poucas opções, ele passa a integrar um grupo de teatro que está encenando, muito sugestivamente, "Édipo Rei".

ORFANDADE
"Dois Irmãos" é baseado no livro "Villa Laura", de Sergio Dubcovsky. "Quando o li, me apaixonei por esses personagens, pois estava me interessando pelos temas do amor fraterno e da orfandade", conta Burman.
O novo momento expõe os embates que Marcos e Susana tiveram durante a infância e a adolescência e as diferenças dos costumes atuais.
"Na vida, um carregou sentimentos conflitivos em relação ao outro, ao mesmo tempo, eles vivem em uma dependência afetiva muito forte. Esses sentimentos chegam num ponto extremo após a morte da mãe."
Para os papéis principais, Burman chamou atores experientes, mas de origens diferentes. Gasalla é um humorista de teatro e Borges é uma veterana do cinema. "Cada um é grande à sua maneira, não foi fácil conduzí-los."
Há muitas discussões e poucos momentos de ternura, a maioria sobre pequenos aspectos do cotidiano. "Os diálogos do dia a dia são uma tela em que se expõem o quanto há de afeto ou de rancor numa relação. Observar esses hábitos de relacionamento é meu modo de olhar o mundo e tentar entender as pessoas", conclui.


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