São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2011 |
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Coleção Folha apresenta "O Deserto Vermelho" Primeiro filme colorido de Michelangelo Antonioni ganhou Leão de Ouro em Veneza DE SÃO PAULO Um dos maiores nomes da sétima arte, o italiano Michelangelo Antonioni (1912-2007) chega às bancas no dia 16 de outubro com uma de suas preciosas obras-primas, "O Deserto Vermelho", de 1964. O filme conta a história de Giuliana (Monica Vitti, musa do cineasta), recém-saída de um hospital psiquiátrico. Acompanhando o marido, executivo de uma usina, na cidade industrial de Ravena, sua neurose vai piorando gradativamente. Em meio à crise, o engenheiro Zeller (Richard Harris), colega de trabalho do marido, interessa-se por Giuliana, e tentará desvendar suas questões. Como bem disse o diretor, em entrevista quando o longa foi lançado, é um filme mais sobre um ambiente do que sobre uma personagem. De fato, Antonioni visitava Ravena, vizinha à sua cidade natal, Ferrara, e se impressionou com a enorme transformação de um mundo natural num industrial. "Deserto Vermelho" é o primeiro filme colorido do cineasta e questiona o homem em meio à tecnologia. Sem qualquer intenção naturalista, mas sim de encontrar a cor certa para transmitir o estado de seus personagens (nada mais cinematográfico, aliás), o fotógrafo Carlo Di Palma, sob orientação de Antonioni, adota tons pálidos e aponta a câmera para as estruturas fabris com suas formas singulares e os matizes mortos da poluição industrial em meio ao que sobrou da vegetação. Antes deste longa -que ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza-, Antonioni já tinha filmado a conhecida trilogia da incomunicabilidade, sobre a crise do homem diante do mundo moderno. "A Aventura" (1960), "A Noite" (1961) e "O Eclipse" (1962), adotam o silêncio e uma atenção aos espaços, privilegiando mais os personagens do que aquilo que efetivamente fazem. Poderia ser uma herança do neorrealismo, estética à qual Antonioni esteve ligado em seus primeiros trabalhos nos anos 40, mas a intenção, aqui, é comentar a relação (conflituosa) entre homem e mundo, na qual há uma dificuldade de compreender a remodelação deste mundo -pela tecnologia e pela crise do projeto burguês. O vazio e angústia deste estar no mundo é mais incisivamente abordado em "O Passageiro - Profissão: Repórter" (1975), no qual Jack Nicholson faz um jornalista que, em crise com o mundo, troca de identidade. Na prática, os filmes de Michelangelo Antonioni capturou o momento e a tendência nos quais foram realizados. "Blow Up" (1966) coloca na tela a "swinging London" dos anos 60. E, com trilha da banda Pink Floyd, "Zabriskie Point" (1970), rodado nos EUA, é um dos longas que melhor capturaram o espírito da contracultura e do projeto político dos jovens. Texto Anterior: Servidores da Ancine pagam para fazer filme Próximo Texto: Livros - 'Todo romancista se acha um pouco deus' Índice | Comunicar Erros |
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