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Arte electro
Dupla americana Fischerspooner, que tocará, em SP, em abril, no festival Skol Beats, leva performances visuais a seus shows e agora é acompanhada
por uma banda
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Eles têm um dos shows mais caros e extravagantes do planeta.
Assinaram contrato milionário
com uma gravadora logo em seu
primeiro álbum -depois a gravadora quase faliu. Uma de suas
músicas foi tocada em praticamente 99% dos clubes do mundo
e ganhou versões rock, house, tecno e por aí vai. Eles são o Fischerspooner e estarão no Brasil no mês
que vem, em disco e ao vivo.
O disco, "#1", será lançado pela
EMI. Ao vivo, a dupla nova-iorquina se apresenta no Skol Beats,
em 24 de abril, em São Paulo. Será
o primeiro show do grupo não-exclusivamente digital; eles serão
acompanhados por uma banda
de verdade.
"São quatro músicos, mais os
dançarinos. Quando fizemos o
primeiro disco, tínhamos na cabeça gravar um álbum que fosse
100% feito por sintetizadores.
Agora, queremos uma música
mais quente, menos impessoal,
por isso chamamos músicos. Ao
vivo, será como os nossos shows
do passado, mas, agora, com a diferença de que teremos uma banda...", diz Casey Spooner, ator, artista plástico e uma das metades
do Fischerspooner. A outra é
Warren Fischer, produtor, artista,
filho de uma cantora de ópera e de
um neurologista.
Entre esses "shows do passado",
estão uma apresentação no tradicionalíssimo Royal Festival Hall,
em Londres, em 2002, e outra, em
Nova York, em 2001, que, segundo a imprensa local, custou US$
250 mil. Foi o dinheiro necessário
para bancar uma produção digna
dos musicais da Broadway, que
envolvia várias trocas de roupas,
jogos de luzes, dezenas de dançarinos, sangue falso e canhões que
disparam uma chuva de purpurina. Chegaram a comparar com o
Cirque du Soleil.
Mas as coisas não foram sempre
assim para Spooner e Fischer.
Nascido em Athens (cidade do
R.E.M.), no Estado da Geórgia,
Spooner trabalhou como ator em
peças underground por oito anos.
Realizava também performances
em galerias de arte de Nova York
e de Chicago, para apenas uma
meia dúzia de "espectadores".
Conheceu Fischer numa escola de
arte de Chicago.
Os dois continuaram com as
performances, mas, dessa vez, colocaram música (no caso, o electro, que estava ressurgindo na Europa) por cima.
"Nunca pretendemos construir
uma carreira na indústria musical. Sempre fomos artistas fazendo música e performances. Era
mais uma coisa de criar eventos
excêntricos e, aos poucos, o público pedia mais músicas, então criamos mais músicas...", diz Spooner, por telefone, de Nova York.
"Era como uma continuação de
minhas performances. As músicas eram ligadas aos efeitos visuais. Com as canções, sentia que
formava uma conexão melhor
com o público, que pulava e dançava, em vez de apenas permanecer parado, como numa performance normal", afirma Spooner,
letrista e vocalista da dupla, cuja
primeira incursão artística foi a
gravação de "álbum falado", em
1992, em que ele recitava letras
acompanhado por Warren ao
violino ("Continuo fazendo a
mesma coisa,só que agora posso
falar um pouco mais alto").
O primeiro "show" foi numa loja Starbucks (a mais famosa franquia de cafés dos EUA), em Nova
York, em 2000.
Cerca de um ano e meio depois
e com fãs como Lou Reed e o artista plástico Jeff Koons, assinaram contrato com a gravadora inglesa Ministry of Sound. Por 1 milhão de libras. Quantia que depois
quase levou o selo à falência, e o
contrato de distribuição da dupla
na Europa foi transferido para o
conglomerado EMI (leia texto
nesta página).
O álbum trouxe um cover ótimo
da banda pós-punk Wire ("The
15th") e um hit forte, "Emerge". A
música, de letra nonsense e hedonista, ganhou remixes de top DJs
como Dave Clarke, Felix da Housecat e Tiga.
"Acho que ninguém tem a mínima idéia do que a letra significa.
São idéias desconexas, mas há
certa dose de emoção. E tem algumas partes bem atrativas, como a
que eu digo "Uh-huh that's right".
É uma música bem superficial,
mas sensível."
Spooner diz que, no electro de
melodias assumidamente bobas
do Fischerspooner, também dá
para "expressar emoções". "Mas,
claro, você não vai escrever uma
letra que seja uma novela ou um
épico de ficção científica. Quando
você se expressa de forma clara e
sucinta, as pessoas o entendem facilmente."
O público -e o mundo fashion
americano- parecem ter entendido o Fischerspooner. A Levi's
chegou a confeccionar uma edição limitada de jeans "Fischerspooner". E o segundo disco do
grupo sai em setembro.
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