São Paulo, segunda-feira, 09 de março de 2009

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"Sons & Sonidos" une brasileiros e latinos

Festival no Bourbon Street inclui o clarinetista Paulo Moura e o pianista cubano Gonzalo Rubalcaba

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na década passada, um festival como o "Sons & Sonidos -Interseções Latinas", que começa hoje, no Bourbon Street, dificilmente seria realizado aqui. Além da língua, que separa o Brasil de seus "hermanos" da América Latina, a própria diversidade da música brasileira é um fator que dificulta o acesso de outras preciosas tradições musicais a nossos ouvidos.
Com uma atração estrangeira e uma brasileira a cada noite, sempre às segundas, até 6 de abril, o evento promete encontros musicais que podem surpreender a plateia. A curadoria é de João Erbetta, músico paulistano que vive em Nova York.
Entre os artistas de fora, o inventivo pianista cubano Gonzalo Rubalcaba é o único conhecido por aqui. Já o elenco local é uma seleção de grandes nomes da música instrumental brasileira, que inclui o clarinetista Paulo Moura, o guitarrista Heraldo do Monte, o bandolinista Hamilton de Holanda, o violonista Yamandú Costa e a Banda Mantiqueira.
A noite de hoje reúne artistas com atitudes semelhantes frente à tradição musical de seus países. Assim como Hamilton de Holanda usa seu bandolim para recriar choros e sambas com influências do jazz e do rock, a Tango Crash, banda de origem argentina radicada na Europa, utiliza a eletrônica para modernizar o tango.
Também há semelhanças entre o argentino Santiago Vasquez e Heraldo do Monte, que tocam no dia 16. Ambos são multi-instrumentistas que assimilaram influências do jazz, sem deixarem de valorizar os ritmos folclóricos e tradicionais de seus países.
Além de serem virtuoses formados na música erudita, Paulo Moura e Gonzalo Rubalcaba (atrações do dia 23) também possuem fortes ligações com o jazz. Curiosamente, nas últimas décadas, seguiram caminhos diversos: enquanto o brasileiro se dedicou mais ao choro e ao samba de gafieira, o cubano tornou-se um jazzista de ponta na cena norte-americana.
O tango, a milonga e outros ritmos sulinos devem dar o tom do encontro do pianista Adrián Iaies, outro argentino bastante respeitado nos círculos do jazz, com o gaúcho Yamandú Costa, no dia 30. Já a noite de encerramento, em 6/4, promete ser a mais heterodoxa, ao reunir os saborosos sambas e choros da Banda Mantiqueira com o tango bate-estaca do grupo argentino Tanghetto.


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