São Paulo, terça-feira, 09 de março de 2010

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ANÁLISE

No fim, venceu o cinema

Academia surpreende e aponta na direção de filmes mais baratos e alternativos

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

A 82ª edição do Oscar se transformou numa batalha digna de Davi e Golias. De um lado, "Avatar", um monstrengo que custou meio bilhão de dólares, rendeu 2,5 bilhões e se tornou o filme mais rentável da história do cinema. Do outro, "Guerra ao Terror", uma produção modesta para os padrões americanos (11 milhões de dólares) e que só foi completada graças aos patrocínios europeus.
No fim, venceu o cinema: "Guerra ao Terror" levou seis prêmios, incluindo melhor filme, diretor, roteiro original e montagem. "Avatar" levou apenas três estatuetas: fotografia, efeitos visuais e direção de arte.
O resultado é mais que surpreendente: mostra que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, tantas vezes criticada por privilegiar o sucesso comercial em detrimento da qualidade artística, apontou o cinema na direção de filmes mais baratos e alternativos. Para tornar a noite ainda mais especial, Kathryn Bygelow, de "Guerra ao Terror", tornou-se a primeira mulher a ganhar um Oscar de melhor direção. Merecidíssimo.
James Cameron não tem do que reclamar. Se "Avatar" não tivesse batido recordes de bilheteria, perigava levar o troféu Framboesa de Ouro pelo pior roteiro de 2009. Foi um sucesso até maior que o esperado, recebeu uma penca de indicações e uma pecha de filme "sério", quando é só um besteirol "new age", que só vale pelos efeitos.
A noite teve outras surpresas: a primeira foi a esnobada que a Academia deu em Quentin Tarantino, que perdeu o Oscar de roteiro original para Mark Boal, por "Guerra ao Terror". Outra vitória inesperada foi a de Geoffrey Fletcher ("Preciosa") como melhor roteiro adaptado, batendo o favorito "Amor Sem Escalas". E o argentino "O Segredo dos Seus Olhos", de Juan José Campanella, superou o favorito "A Fita Branca", de Michael Haneke, como filme estrangeiro.
Mas as maiores surpresas da noite foram os dois prêmios de som (edição e mixagem) para "Guerra ao Terror", superando o favoritíssimo "Avatar". Poucos apostariam que o filme de Cameron perderia em alguma categoria técnica, especialmente para uma produção tão menor, em termos de custo.


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