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ANÁLISE
No fim, venceu o cinema
Academia surpreende e aponta na direção de filmes mais baratos e alternativos
ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA
A 82ª edição do Oscar se
transformou numa batalha digna de Davi e Golias. De um lado,
"Avatar", um monstrengo que
custou meio bilhão de dólares,
rendeu 2,5 bilhões e se tornou o
filme mais rentável da história
do cinema. Do outro, "Guerra
ao Terror", uma produção modesta para os padrões americanos (11 milhões de dólares) e
que só foi completada graças
aos patrocínios europeus.
No fim, venceu o cinema:
"Guerra ao Terror" levou seis
prêmios, incluindo melhor filme, diretor, roteiro original e
montagem. "Avatar" levou apenas três estatuetas: fotografia,
efeitos visuais e direção de arte.
O resultado é mais que surpreendente: mostra que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood,
tantas vezes criticada por privilegiar o sucesso comercial em
detrimento da qualidade artística, apontou o cinema na direção de filmes mais baratos e alternativos. Para tornar a noite
ainda mais especial, Kathryn
Bygelow, de "Guerra ao Terror", tornou-se a primeira mulher a ganhar um Oscar de melhor direção. Merecidíssimo.
James Cameron não tem do
que reclamar. Se "Avatar" não
tivesse batido recordes de bilheteria, perigava levar o troféu
Framboesa de Ouro pelo pior
roteiro de 2009. Foi um sucesso até maior que o esperado, recebeu uma penca de indicações
e uma pecha de filme "sério",
quando é só um besteirol "new
age", que só vale pelos efeitos.
A noite teve outras surpresas: a primeira foi a esnobada
que a Academia deu em Quentin Tarantino, que perdeu o Oscar de roteiro original para
Mark Boal, por "Guerra ao Terror". Outra vitória inesperada
foi a de Geoffrey Fletcher
("Preciosa") como melhor roteiro adaptado, batendo o favorito "Amor Sem Escalas". E o
argentino "O Segredo dos Seus
Olhos", de Juan José Campanella, superou o favorito "A Fita Branca", de Michael Haneke,
como filme estrangeiro.
Mas as maiores surpresas da
noite foram os dois prêmios de
som (edição e mixagem) para
"Guerra ao Terror", superando
o favoritíssimo "Avatar". Poucos apostariam que o filme de
Cameron perderia em alguma
categoria técnica, especialmente para uma produção tão menor, em termos de custo.
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